Apoio insuficiente resultará em mais mortes de civis em Gaza, alerta ActionAid
Caminhões com alimentos, água e suprimentos médicos devem chegar à Gaza através da passagem de Rafah nesta sexta-feira (20/10). No entanto, os suprimentos limitados não atendem às necessidades humanitárias e de salvamento agudas no local. Além disso, o território sitiado também precisa de combustível para os geradores de hospitais e para alimentar estações de bombeamento e tratamento de água. Com infraestrutura civil destruída e serviços de saúde à beira do colapso, há sérias preocupações de que esse apoio seja insuficiente.
Riham Jafari, Coordenadora de Comunicação e Advocay da ActionAid Palestina, explica por que mais ajuda é necessária: “Muito mais pessoas morrerão se os hospitais em Gaza, superlotados com vítimas dos bombardeios contínuos e ataques aéreos, não receberem combustível suficiente, suprimentos médicos e itens de salvamento.”
A ONU alertou que Gaza precisa de entregas de pelo menos 100 caminhões por dia. O acordo para permitir apenas 20 caminhões de socorro em Gaza está muito aquém do alívio necessário para uma população de 2 milhões de pessoas que tem vivido sob bombardeios constantes por quase 15 dias. A ActionAid tem equipe no Cairo trabalhando para organizar a aquisição de itens como alimentos, kits de higiene e cuidados para mulheres e meninas, além de suprimentos médicos. No entanto, até o momento, não há corredor humanitário aberto para organizações como a ActionAid fornecerem apoio emergencial à população de Gaza.
Riham complementa: “O apoio humanitário insuficiente causará desastres de saúde pública e fome, já que pacientes com doenças crônicas, gestantes e seus bebês não poderão receber os cuidados médicos e alimentação que necessitam. Isso colocará suas vidas em perigo. Usinas de água e eletricidade não poderão funcionar sem combustível, e a falta de água limpa causará muitas doenças. Sem eletricidade, incubadoras, máquinas de diálise e outros sistemas vitais de suporte à saúde não poderão funcionar, e a falta de alimentos contribuirá para doenças e desnutrição. Estamos nos aproximando do inverno, e existem itens de abrigo urgentemente necessários, como colchões e tendas. Corredores humanitários devem ser abertos agora para grandes quantidades de assistência humanitária, de modo que mais vidas possam ser salvas. Sabemos que os 20 caminhões de ajuda atualmente prometidos são simplesmente insuficientes.”
A ActionAid trabalha com parceiros locais em Gaza que estão fazendo o máximo para fornecer alimentos e outros itens de socorro às famílias que conseguem alcançar. No entanto, o acesso a suprimentos é limitado e o transporte para os abrigos é desafiador e perigoso para aqueles que estão trabalhando no local.
Heba falou com a ActionAid a partir de um abrigo da UNRWA em Gaza sobre a realidade no momento: “A situação na Faixa de Gaza é muito ruim. Pessoas foram mortas, que Deus tenha misericórdia delas, mas o restante vai morrer de fome. Não há comida nos supermercados. Devemos esperar na fila para comprar pão. Vamos às seis da manhã e esperamos até a tarde para conseguir. Isso é se você conseguir obter algum pão, é claro.”
Apesar das circunstâncias desafiadoras, nossos parceiros locais, como o Hospital Al Awda, continuam a prestar serviços vitais, enquanto outros, como a WEFAQ, estão oferecendo apoio às milhares de pessoas deslocadas que buscam abrigo.
Shouq Al Najjar, coordenadora no Maan Development Center, parceiro da ActionAid em Gaza, relata:
“Todos os dias, vivemos uma luta por necessidades básicas. Não há água corrente, eletricidade ou água limpa. Não há serviços básicos, nenhum serviço essencial. Não há cobertores, nem colchões, e não há serviços de higiene. Hospitais podem parar de funcionar a qualquer momento, pois não há eletricidade ou combustível para alimentar os geradores. Qualquer pessoa com senso de humanidade não deve ficar em silêncio sobre o que está acontecendo em Gaza.”
Para mais informações: assessoria.imprensa@actionaid.org
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