ActionAid comenta: ‘Economia do cuidado e vida digna para mulheres devem estar no centro de debate sobre fim da escala 6×1’
Organização destaca que tramitação da PEC na Câmara é uma oportunidade para discutir impacto da precarização do trabalho na vida das mulheres negras e periféricas
RIO DE JANEIRO, 14/11/24 — A ActionAid, organização internacional que trabalha há 25 anos no Brasil em prol da justiça social e superação da pobreza, destaca a relevância da discussão sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe o fim da escala de trabalho 6×1, a ser tramitada na Câmara dos Deputados. A proposta inicial visa a redução da carga semanal para 36 horas, sem alteração na máxima diária de oito horas e sem redução salarial, garantindo maior tempo de descanso para trabalhadores. Para a ActionAid, a proposta é oportunidade crucial para trazer à tona a precarização do trabalho e a sobrecarga enfrentada pelas mulheres.
“A escala 6×1 é desumana para todas as pessoas, mas tem impacto desproporcional na vida das mulheres negras e periféricas, que em geral têm os trabalhos mais precarizados e enfrentam longas distâncias para chegarem a seus serviços, além de carecer de rede de apoio nas atividades domésticas. O trabalho não pago, como o cuidado de filhos e familiares, é realizado nas chamadas ‘horas de descanso’ e é invisibilizado na estrutura econômica”, afirma Gabriela Angelo, especialista em Direitos das Mulheres na ActionAid. “Elas lidam com triplas jornadas — no trabalho, nas tarefas domésticas e no cuidado dos outros — sem o devido reconhecimento ou condições adequadas de descanso”, reforça Gabriela.
A organização destaca que a estrutura de divisão social do trabalho no Brasil, que ignora o trabalho reprodutivo e doméstico, precisa ser debatida e revisada. Num país ainda ancorado na herança colonial e escravocrata como o nosso, o olhar para o impacto na vida das mulheres negras precisa estar em primeiro plano.
“É um contexto que afeta a saúde física e mental, além de limitar o desenvolvimento educacional e profissional, colocando-as em uma posição de desvantagem inclusive no mercado formal de trabalho. Debater essa redefinição da escala, portanto, trata de reparação e justiça”, complementa Michely Ribeiro, coordenadora de Pessoas, Cultura e Governança na ActionAid.
Para que a discussão em voga seja feita com seriedade, a ActionAid enfatiza a importância de dar prioridade às vozes desses grupos sociais majoritariamente afetados, e não somente aos grupos econômicos historicamente ouvidos.
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