9 de novembro

O anúncio de que haverá pausas humanitárias no conflito em Gaza, com duração de quatro horas, é um avanço bem-vindo, mas não corresponde às necessidades do povo palestino que vive no território e que perdeu tanto neste último mês. No atual estágio, a sobrevivência em Gaza só é possível com um acordo permanente de cessar-fogo, e com o restabelecimento de um acesso completo a itens médicos e à ajuda humanitária.

Respondendo ao anúncio de que haverá pausas humanitárias em Gaza, Riham Jafari, Coordenadora de Advocacy e Comunicação da ActionAid na Palestina, afirma:

“O anúncio de hoje oferece muito pouco às duas milhões de pessoas em Gaza. Deslocadas, feridas e traumatizadas, elas enfrentaram um mês de bombardeios implacáveis e viram importantes infraestruturas de Gaza serem destruídas.”

“De que serve uma pausa de quatro horas todos os dias para entregar pão às comunidades pela manhã, antes de elas serem bombardeadas à tarde? Qual é a utilidade de uma breve interrupção das hostilidades quando as enfermarias dos hospitais estão em ruínas e quando as estradas usadas para entregar suprimentos médicos e alimentos são destruídas? Com mais de metade dos hospitais de Gaza prestes a fechar por causa da escassez de combustível ou de bombardeios constantes? Em breve não haverá lugar para entregar material médico. Sem combustível, uma pausa humanitária não contribui em nada para reparar o sistema de saúde destruído de Gaza nem para permitir que as famílias preparem uma refeição ou tenham água para tomar banho. Embora uma pausa humanitária possa oferecer uma breve trégua de alguns dias, não é tempo suficiente para reparar os danos causados às comunidades e vidas de Gaza.”

“Mais de 10 mil pessoas foram mortas num só mês. Muitas crianças compõem este trágico número – mais do que aquelas que foram mortas na Ucrânia desde o início da guerra há mais de um ano. A vida de uma criança vale o mesmo, não importa onde ela viva. Mas para as crianças em Gaza, isto não é uma realidade.”

“Só um cessar-fogo permanente pode pôr fim a todas as hostilidades e ajudar quem está com a vida por um fio.”

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