ActionAid e outras ONGs internacionais recebem ordens do governo para encerrar atividades no Paquistão
A ActionAid está seriamente preocupada com a aparente ameaça ao trabalho humanitário e em prol dos direitos humanos no Paquistão. Mais de 20 organizações internacionais da sociedade civil, incluindo a ActionAid, receberam recentemente uma carta do governo paquistanês exigindo que encerrem suas operações dentro de 60 dias. Nenhuma explicação foi dada sobre a decisão oficial.
Abdul Khaliq, gestor de Programas da ActionAid no Paquistão, afirma:
A ActionAid cumpre com todas as regras e regulamentos do país, e está extremamente surpresa com este documento.
O governo paquistanês informou ao grupo de organizações que elas tinham 90 dias para apelar da decisão. A ActionAid fará isso, e escreveu ao governo perguntando sobre os critérios em que o apelo deve ser feito. A organização está esperançosa de que será bem sucedida em seu pedido, no entanto, se preocupa com o fato de que a suspensão em massa das ONGs possa anunciar uma diminuição do espaço de atuação cívica no país, semelhante às tendências observadas em outros países do mundo.
“A sociedade civil desempenha um papel vital na garantia de que as pessoas marginalizadas possam falar e ter um papel ativo na construção de um Paquistão melhor. Instamos o governo a evitar movimentos precipitados que possam prejudicar o futuro da democracia no Paquistão. A ActionAid é uma federação trabalhando em 45 países, inclusive no Paquistão. Nossa prioridade é defender os direitos das pessoas mais pobres e marginalizadas na sociedade, o que inclui mulheres e meninas. Estamos alarmados que nosso trabalho esteja sob ameaça”, avalia o secretário-geral da ActionAid Internacional, o brasileiro Adriano Campolina.
Enquanto busca apelar da decisão, a ActionAid mantém seu trabalho em Manshera e Mardan, onde apoia mulheres rurais na geração de renda a partir da agricultura. E em Muzafarabad e Bagh, onde está realizando trabalho de reconstrução após o terremoto recente.
“Continuamos apoiando os mais pobres e marginalizados no país. Se não tivermos autorização para dar continuidade a nosso trabalho, não há dúvidas de que mais pessoas sofrerão com a pobreza e a injustiça”, diz Khaliq.