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Todas juntas! Encontro intermunicipal reúne jovens do projeto Meninas em Movimento
Todas juntas! Encontro intermunicipal reúne jovens do projeto Meninas em Movimento
Texto: Aline Vieira Costa
Ao vivo e a cores! Mais de 150 jovens do projeto Meninas em Movimento estiveram juntas pela primeira vez num encontro intermunicipal entre os sete territórios pernambucanos atendidos pela iniciativa, que atua no enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. O evento foi realizado no Centro de Formação e Lazer do Sindsprev, no Recife, onde as meninas participaram de uma programação intensa, nos dias 14 e 15 de abril, para celebrar, avaliar e trocar experiências vivenciadas ao longo de quase dois anos de projeto.
A ação foi organizada pela Casa da Mulher do Nordeste (CMN), o Centro das Mulheres do Cabo (CMC) e a Etapas, organizações parceiras da ActionAid no projeto, que tem o patrocínio da Petrobras e do Governo Federal, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
A especialista de Direitos das Mulheres da ActionAid, Gabriela Ângelo, conta que o encontro teve como objetivo possibilitar a troca de experiências entre as participantes do projeto, que puderam fortalecer os diálogos, criar espaços de sociabilidade e compartilhar os aprendizados que resultaram das ações de prevenção e combate à exploração sexual de meninas e mulheres.
“A ActionAid, em conjunto com as organizações parceiras, compreende que a educação e a formação de espaços de diálogos são ferramentas importantes para combater as desigualdades e todas as formas de opressões”, explica Gabriela.
Este foi o terceiro intercâmbio promovido pelo projeto, que já havia reunido pequenos grupos de meninas de diferentes territórios nas ocasiões do desenvolvimento e do lançamento da campanha Todas Juntas Vencem. Mas, agora, foi diferente: com muito mais meninas (156 de um total de 210 participantes), representando todos os sete territórios. E as jovens de diferentes localidades se misturaram durante as dinâmicas de acolhimento, (re)conhecimento, integração e avaliação. Houve até a uma apresentação da paródia feita com a música Show das Poderosas, de Anitta, adaptada para a realidade do enfrentamento ao abuso e à exploração sexual. Tudo produzido pelas meninas.
Na atividade de avaliação do projeto, elas se dividiram em dez grupos e se expressaram no que se refere ao Ciclo de Formação, que compreende as oficinas de Direitos Fundamentais ECA; Gênero e Feminismo; Raça e Enfrentamento ao Racismo; Sexualidades e Direitos Sexuais e Reprodutivos; Gravidez na Adolescência; Democracia e Cidadania; Violência contra a mulher; e Direito à cidade. Elas também abordaram o Ciclo de Comunicação/Fala Pública, que reúne as oficinas de Mídia Advocacy e de Digital Influencer, além da Campanha Todas Juntas Vencem, bem como os eventos de divulgação da campanha e ações de multiplicação.
Uma das organizadoras do evento, a comunicadora Manina Aguiar, do CMC, explica que o encontro foi de fundamental importância para elas se reconhecerem como multiplicadoras do conhecimento recebido, para que possam contribuir com outras meninas que estejam precisando:
“Importante também para reconhecerem que fazem parte de um grupo de meninas de outros territórios que se unem para o bem viver de todas as meninas. Que não estão sós. Que cada uma tem seu jeito de participar, e que todas essas informações recebidas têm como objetivo as ações e o fortalecimento pessoal e coletivo de cada uma”.
A educadora social da Casa da Mulher do Nordeste, Anabelly Brederodes, conta que, durante as rodas, as meninas puderam dialogar sobre vivências, desafios, problemas nas famílias e nas comunidades e como fazem para enfrentar violências e desigualdades de diferentes formas.
“Elas falaram sobre visões, questões emocionais de como cresceram dentro do processo, como as famílias foram acolhidas, e como o autoconhecimento foi determinante para o empoderamento e valorização delas, como forma de fortalecer outras meninas a também valorizarem a si mesmas”, comenta ela, que também organizou o evento.
Aos 15 anos, Yasmin, da Vila Califórnia, em Ipojuca, é uma das meninas que buscaram aproveitar ao máximo a oportunidade do encontro:
“A gente está aqui pra socializar e conversar com outras meninas. Está sendo incrível conhecer meninas de outros territórios, ver que elas também aprenderam o que a gente já aprendeu, e que elas pensam parecido com a gente. Eu vou até fazer um vlog (relato em vídeo para as redes) de tudo, cobrindo tudo que a gente está fazendo aqui e toda a programação”, conta Yasmin.
Ela diz que percebeu, ao longo do projeto, que a comunicação pode ser usada de uma forma boa, e, portanto, decidiu ser jornalista quando crescer. “O Meninas em Movimento mudou completamente a forma como eu penso e a forma como eu me comunico. Antes, eu não gostava muito de falar, eu segurava a minha fala, mas, hoje, eu libero e falo, sim, as coisas que eu penso. Hoje, eu me comunico de uma forma muito mais fluida”.
A adolescente Maria Eduarda, de 12 anos, do Ibura, também demonstrou alegria e satisfação por participar do encontro.
“Eu gostei muito de vir para cá, achei tudo muito interessante, principalmente as brincadeiras que a gente fez para uma conhecer a outra. As meninas conversaram, se expressaram muito bem, e eu achei bastante legal isso. É bom também para a gente conhecer pessoas novas e o que elas gostam de fazer”, conta ela, muito feliz por fazer parte do Meninas em Movimento. “Tem mil coisas que eu aprendi com as meninas nesses quase dois anos de projeto. Vou me tornar uma nova mulher a partir dessa nova vivência”, arremata.
Suzana Santos, educadora da Etapas, acrescenta que a lógica de se dividirem em grupos, resolverem conflitos e se protegerem durante um evento em que mais pessoas estavam presentes também estimulou a autonomia. Assim, foi possível que colocassem em prática os conhecimentos adquiridos, inclusive para identificar episódios de violência, o que tornou o período bem mais tranquilo e proveitoso.
“Foi uma ótima experiência de aproximação, visto que vamos começar com as atividades de cuidado e afeto que serão mediadas por uma psicóloga. Percebo que foi um momento importante para fazer com que aquele grupo se perceba como um coletivo que são e que juntas elas podem ser bem mais fortes”, avalia.
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