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Projeto de agroecologia da ActionAid leva independência financeira para mulheres no interior do Maranhão
Projeto de agroecologia da ActionAid leva independência financeira para mulheres no interior do Maranhão
A escalada da fome nos últimos anos voltou a ser uma triste – e inegável – realidade. Seja observando o dia a dia das comunidades, ou através dos números assustadores revelados pelo 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II VIGISAN), realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) com apoio da ActionAid, é possível ver como a insegurança alimentar é resultado direto, dentre outras coisas, da perda do poder aquisito da população.
No estado do Maranhão, a situação é ainda pior. Das 10 cidades com menor renda do país, 8 são maranhenses, e o estado aparece proeminentemente como um dos primeiros lugares no mapa da fome da região Nordeste.
É o cenário de atuação da ASSEMA- Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão, parceira da ActionAid, que trabalha ao lado de famílias em situação de vulnerabilidade, principalmente chefiadas por mulheres, fornecendo qualificação, suporte e conhecimento técnico para que elas mudem suas realidades. Mulheres como Ivanessa, que encontrou nessa parceria um apoio para várias áreas da vida.
“A ASSEMA foi uma das organizações que mais nos ofereceu suporte no período da pandemia (de Covid 19), inclusive, para assistir às aulas online. No dia da minha defesa da monografia, fui fazer na ASSEMA. Eles, junto com minha família, foram meus únicos convidados. Ou seja, em todo meu processo até hoje, a ASSEMA é a organização que mais me apoiou para eu estar tendo os resultados que tenho hoje em todos os aspectos”.
Toda essa mudança começou com um pequeno passo. Ivanessa vivia com a família em uma pequena propriedade rural, mas que não aproveitava todo o seu potencial. O projeto apoiado pela ActionAid forneceu orientação técnica para que ela desenvolvesse um sistema agroflorestal no seu quintal, conciliando esse apoio com os aprendizados de Ivanessa, que estudava para se tornar engenheira agrônoma. Assim, a família passou a produzir alimentos saudáveis tanto para seu consumo como para uma comercialização responsável e segura.
“Na atualidade, a principal fonte de renda da minha família é a produção do sistema agroflorestal, com a banana, cupuaçu, manga, caju, jaca, abacate tangerina, laranja e limão, açaí, limão, mamão, manga, coco da praia. Temos o que ofertar o ano inteiro, de janeiro a dezembro. A gente tem uma produção que se autossustenta, tanto para alimento da nossa família, quanto para a comercialização, pois o excedente é vendido, tanto nas comunidades vizinhas, como também nos programas sociais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).”
O empoderamento econômico e conhecimentos adquiridos ao participar das capacitações e liderarem a gestão de suas propriedades combate também a violência de gênero. Ao se reverter o quadro de desigualdade social e econômica que atinge as famílias, elas passam a ter acesso a uma nova forma de se relacionar, como explica Ivanessa.
“A melhor coisa que me aconteceu foi que, a partir dos conhecimentos adquiridos pela ASSEMA, eu pude fazer uma faculdade pública no curso que eu sempre sonhei. E além disso, foi a experiência de ser uma jovem multiplicadora com autonomia política e financeira que me deixou pronta para encarar a realidade do mundo.”
Agora, Ivanessa divide sua dedicação entre cuidar da sua produção e ser atuante ao lado de outros jovens como ela que podem mudar ainda mais suas comunidades.
“O nosso objetivo é fortalecer esses vínculos e conseguir trabalhar a agroecologia com as juventudes. Eu considero isso muito importante, porque é uma semente que você planta e essa semente vai dar frutos depois. As juventudes precisam permanecer no campo, desde que tenham qualidade de vida e oportunidades para viverem em seus territórios. O protagonismo das juventudes é fundamental”.
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