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Para sair novamente do Mapa da Fome, Brasil precisa inovar e avançar com mudanças estruturais
Para sair novamente do Mapa da Fome, Brasil precisa inovar e avançar com mudanças estruturais
A ActionAid, organização internacional dedicada à superação da pobreza e promoção da segurança alimentar em mais de 40 países, lamenta a gravidade dos dados divulgados nesta quarta-feira (12/07) pela ONU, que contextualizam a permanência do Brasil no Mapa da Fome. No relatório “Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2023” lançado pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), em que o órgão identifica os países que entre 2020 e 2022 apresentaram percentuais elevados de suas populações vivendo esse drama, o Brasil apresenta índice de 9,9% de sua população com insegurança alimentar grave. Foram 21,1 milhões de pessoas vivendo este estado de privação, muito acima dos 4 milhões do período de 2014-2016..
Tal notícia, apesar de lamentável, não nos é surpreendente. É o que afirma Francisco Menezes, assessor de Políticas na ActionAid no Brasil:
“Esses números divulgados hoje pela FAO resultam de uma política de empobrecimento da população e destruição das políticas de segurança alimentar praticada especialmente pelo governo passado. Agora, a tarefa é retomar um caminho que o país já conhece, mas que exige também inovar e avançar com mudanças estruturais, de forma a que não retornemos nunca mais a este vergonhoso mapa.”
O Mapa da Fome da ONU é uma ferramenta importante para avaliar e monitorar a situação alimentar global, identificando países onde a insegurança alimentar atinge níveis alarmantes. Um país entra no Mapa da Fome da ONU quando mais de 2,5% da população enfrenta a falta crônica de alimentos. O fato de o Brasil ter retornado e permanecido nesse mapa é motivo de grande preocupação e tristeza para todos nós que trabalhamos incansavelmente na busca por um mundo livre da fome e em que todos e todas vivam em condições dignas e usufruindo de plenos direitos.
“Precisamos lembrar que no Brasil a fome tem cor: negra. Reconhecemos que a superação do problema é um desafio complexo e multifacetado, mas acreditamos firmemente que nenhum país deve permitir que seus cidadãos enfrentem a falta de alimentos básicos e a insegurança alimentar. Não podemos desanimar, pois são muitas as possibilidades de solução. As organizações sociais estão em ação. Agora é hora de o Estado encarar de verdade o enfrentamento ao problema com recursos, políticas públicas e ações práticas: tanto para superar a fome que maltrata a população, quanto o racismo e machismo que coloca especialmente mulheres negras nessa situação”,
completa Ana Paula Brandão, diretora Programática da ActionAid no Brasil. “A fome é uma violação dos direitos humanos e é inaceitável que, em pleno século XXI, ainda existam nações onde isso persista e se agrave”.
Como organização atuante por justiça social, climática, de gênero e étnico-racial, continuaremos a trabalhar em estreita colaboração com sociedade civil, governos e outras partes interessadas para apoiar os esforços de combate à fome e à insegurança alimentar no país. Pedimos às autoridades brasileiras que reforcem seu compromisso com a segurança alimentar, priorizando políticas e programas que garantam o acesso adequado e sustentável a alimentos saudáveis para todos os cidadãos, especialmente os mais vulneráveis.
É fundamental que o Brasil e todos os países redobrem seus esforços para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 2, que busca acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e promover uma agricultura sustentável até 2030.
Realizamos trabalho de longo prazo nas comunidades e ações de emergência, como distribuições de cestas de alimentos, e estamos presente em coalizações e órgãos de participação da sociedade civil para fortalecimento da justiça social, climática, de gênero e étnico racial no país. A organização integrou o Consea por quase dez anos e agora volta a colaborar com o órgão e contribuir com o desenvolvimento de propostas e iniciativas que possam livrar o país da fome. Também seguimos atuantes com o Projeto SETA – Sistema Educacional Transformador e Antirracista, com o Grupo de Trabalho Agenda 2030 e o Observatório da Alimentação Escolar, formados por instituições diversas.
Com doações a partir de R$ 15, já é possível contribuir para o trabalho da ActionAid na superação da fome e da pobreza. A organização realiza campanhas como a “Combate à Fome” e “Mulheres da Terra” para levar comida de qualidade para comunidades que mais precisam e, ao mesmo tempo, apoiar a geração de renda.
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