Ocupe Passarinho
Uma área urbanizada de 33 hectares, equivalente a 33 campos de futebol, com aproximadamente 75 mil habitantes. Deste total, 5 mil pessoas convivem hoje com o medo de perderem suas casas. Essa é a realidade da comunidade de Passarinho, na Zona Norte do Recife, que no fim do ano passado começou a enfrentar ameaça de remoção. Após um amplo processo de organização comunitária, os moradores conseguiram que o então governador João Lyra decretasse o terreno reivindicado na Justiça como de interesse social e impedisse a remoção dias antes da data agendada. Em seguida, seria necessário que o Estado desse seguimento ao processo de regularização fundiária. Mas até hoje, quase um ano depois, nada foi feito. Com isso, os habitantes de Passarinho continuam vulneráveis.
Para evitar que esta população perca suas casas, um grupo de moradores e ativistas de diversos movimentos realizam no próximo sábado, dia 10 de outubro, a partir das 10h da manhã, o Ocupe Passarinho. O evento também vai ser um momento para chamar atenção para o estado de poluição que se encontra o rio Passarinho, e para denúncias a partir do direito à cidade, como a falta de saneamento, do transporte público, da iluminação, postos de saúde, além da falta de creches.
“Tudo aqui foi construído com nosso trabalho, principalmente, das mulheres. No começo, o rio de Passarinho era maravilhoso, era a ‘praia de Boa Viagem’ da gente. O comércio e o transporte também foram conquistas nossas, mas nada está acompanhando o crescimento da comunidade”.
– conta Ediclea Santos, uma das lideranças na comunidade.
Quem já teve a oportunidade de ir até Passarinho, zona norte do Recife, percebe prontamente que não se trata de uma ocupação. Ao contrário, o bairro já conta com ruas asfaltadas, escolas públicas, serviço de endereçamento postal, posto de saúde e até mesmo um reservatório de água que custou R$ 2 milhões aos cofres públicos.
A ação vai ocupar as ruas do bairro, com apresentações culturais, feiras agroecológica, de artesanato e de saúde, debates, oficinas e exibição de filmes. Além disso, será lançada uma carta política do Ocupe Passarinho que trará propostas e reivindicações para o poder público. A ação conta com o apoio de organizações como Casa da Mulher do Nordeste, ActionAid, Ocupe Estelita e SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia.