Mulheres lideram iniciativa de resiliência climática na África do Sul
Uma pequena janela de duas horas, no meio da madrugada, era todo o tempo que Monica tinha para conseguir água para sua família. Ela vive em uma comunidade perto da Cidade do Cabo, na África do Sul, em uma região repleta de empresas mineradoras que, buscam, principalmente, manganês, metal abundante na área.
A maior parte da água disponível era direcionada para consumo nas minas, deixando centenas de famílias na região sem acesso à água potável ou forçando mulheres como Monica a sair no meio da madrugada, se expondo a riscos e deixando suas crianças sozinhas em casa, para conseguir a pouca água que ficava disponível em bombas durante a madrugada. Muitas vezes, mesmo essa água era escassa, resultado do uso excessivo pelas mineradoras durante o dia.
Monica dependia de uma única bomba de captação de água para abastecer sua família // Foto: Lihlumelo Toyana / ActionAid
Monica lembra como era quando as mineradoras dominavam os recursos.
“Muitas vezes não tínhamos água durante o dia, só algumas gotas. É uma longa distância até a bomba d’água. Nós implorávamos pras mineradoras nos ajudarem com água, elas usam mais água do que nossa comunidade inteira, mas eles não nos ouviam, por isso decidimos nos unir”.
E foi essa união que começou a transformar a situação das famílias afetadas. Com o apoio da ActionAid, as mulheres se organizaram e passaram a se informar sobre seus direitos. Logo, estavam multiplicando esse conhecimento com outras mulheres da região e, agora, fazem parte de grupos articulados que conseguem levar às mineradoras suas reivindicações para que os impactos nas comunidades sejam menores.
