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Meninas em Movimento: Programa de rádio amplifica vozes para enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes
Meninas em Movimento: Programa de rádio amplifica vozes para enfrentamento da violência contra crianças e adolescentes
Em um contexto de país no qual, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, mais de 50% das vítimas de estupro são crianças e adolescentes, e cerca de 85% delas são do sexo feminino, Pernambuco ganha uma série especial de programas de rádio para amplificar a voz de meninas e mulheres, com o objetivo de abordar a realidade de crianças e jovens de sete territórios locais e combater a violência sexual contra esse público. Os episódios fazem parte do projeto Meninas em Movimento, que é uma ação do Programa Petrobras Socioambiental, realizado pela Actionaid em parceria com o Centro das Mulheres do Cabo (CMC), a Casa da Mulher do Nordeste (CMN) e a ETAPAS.
A coordenadora da Rádio Mulher, Manina Aguiar, comunicadora no Centro das Mulheres do Cabo, diz:
“A Rádio Mulher acredita na construção coletiva e na representatividade de todas as pessoas envolvidas no projeto, em especial, nas vozes das Meninas em Movimento. Temos como proposta, nesses episódios especiais do programa, dar visibilidade às meninas e suas falas, trazer as lideranças para contribuir com o engajamento das comunidades, além de escutar especialistas das instituições e de outros espaços que sejam referências na área”.
Os especiais tiveram início no segundo semestre de 2021, com a apresentação da comunicadora Sandra Oliveira, e são um espaço para a exposição e discussão de temas relacionados à luta pelos direitos humanos, e, mais especificamente, das mulheres. A transmissão do programa ocorre na primeira sexta-feira de cada mês, nas Sextas Especiais da Rádio Mulher, dentro da grade da Calheta FM 98,5, uma rádio comunitária transmitida para mais de 40 bairros na região do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife (RMR), e para o mundo, através da web.
A cada edição, durante dois anos, o programa receberá convidados como lideranças, diretores de escolas, conselheiros(as) tutelares, especialistas, parceiros, representantes das secretarias de educação e programas sociais dos municípios envolvidos no projeto, que são Recife, Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, além das próprias meninas, as vozes a serem ouvidas, que participarão de oficinas de formação e comunicação a partir de 2022. Nessas oficinas serão abordados temas como direitos humanos, enfrentamento à violência contra a mulher, respeito à diversidade, racismo, autocuidado, abuso e exploração sexual de meninas, além de orientação sobre como falar em público, digital influencer e produção de produtos de comunicação para a escola e para o programa de rádio.
A ideia é que se inclua as meninas o máximo possível no programa, para que tragam contribuições e estejam nesse lugar de fala, de acordo com Manina. Educadora popular e comunicadora comunitária, ela explica:
“A cada contato a gente já vai otimizando esse lugar. Isso pode se dar através do resultado escrito das oficinas, através de uma fala delas, das produções próprias, até que as tenhamos nas lives do programa ao vivo, que é um dos grandes objetivos”.
Para a apresentadora Sandra Oliveira é de uma grandiosidade imensa fazer com que as meninas entendam a importância da programação e das ações que o projeto vai desenvolver dentro das comunidades.
“Fazer o programa sabendo que dentro das nossas ações a gente vai poder fortalecer aquela mulher que está em casa, que passou por alguma situação, ou encorajar aquela menina a denunciar, como já ocorreu em experiências que tivemos em outros projetos, me dá a certeza de que estamos trilhando o caminho certo”.
A comunicadora ressalta:
O projeto se baseia no entendimento de que a comunicação é fundamental em diversos aspectos: desde o acesso à informação, a troca de saberes, até a contribuição para a mobilização social, para o engajamento nas lutas por direitos e no enfrentamento à violência contra as crianças, adolescentes e jovens. “Compreendemos que através do conhecimento e da ferramenta e da comunicação radiofônica é possível abrir caminhos de escuta, proporcionar acesso a informações, sinalizar espaços de onde se pedir ajuda e sensibilizar as pessoas e a comunidade. Essa é uma postura proativa na defesa de uma vida sem violência para essas meninas, e que fortalece o papel da rede de apoio, que ajuda a proteger as meninas e seus direitos”.
A especialista em Monitoramento e Projetos da ActionAid, Tricia Calmon, acrescenta que o Meninas em Movimento também tem a comunicação no centro para a construção de um diálogo de jovens para jovens. É importante que se desfaça o tabu que cerca o assunto da violência sexual, para que se possa cuidar das meninas e transformar a mentalidade dos adultos. Tricia pontua:
“Queremos ajudar as pessoas a reconhecerem seus direitos e a identificarem uma rede de proteção, sem que percam de vista o fortalecimento dos vínculos comunitários, pois a garantia do direito da proteção precisa envolver todo mundo, inclusive os homens”.
QUANDO: na primeira sexta-feira de cada mês – 8h às 9h
ONDE: Rádio Calheta FM (98,5)
TRANSMISSÃO ONLINE: Facebook do Centro das Mulheres do Cabo (CMC) — https://pt-br.facebook.com/centrodasmulheresdocabo/
A Rádio Mulher é um programa diário exibido de segunda a sexta-feira, das 8h às 9h, criado pelas jornalistas Ana Veloso e Micheline Américo, e que nasceu como uma ação de comunicação do Centro das Mulheres do Cabo, uma ONG feminista, com 37 anos de existência, que coloca a pauta da comunicação como eixo estruturante para a mudança de realidades, em particular, dentro de temas difíceis, como é o caso do abuso e exploração sexual de meninas.
Desde 2011, a programação traz a proposta de fazer uma “rádio revista de educação popular”, mantendo na base o feminismo e inserindo temas permanentes como: o direito à comunicação, enfrentamento ao racismo, comunidades, a representação da mulher na política, visibilidade das vozes das meninas, adolescentes e jovens, enfrentamento à lgbtfobia, defesa do território, povos tradicionais e meio-ambiente, além do empoderamento da juventude para o enfrentamento da violência e luta por políticas públicas.
Os episódios especiais do Meninas em Movimento estão dentro dessa linha editorial e integram o eixo de comunicação do projeto. A estimativa é de que, até o fim do primeiro semestre de 2023, todas as ações da iniciativa beneficiem 830 pessoas diretamente e 16 mil eventuais, nos territórios de Gaibu, Vila Suape, Engenho Massangana e Nova Vila Claudete, localizados no Cabo de Santo Agostinho; Vila Califórnia, em Ipojuca; e Ibura e Passarinho, em Recife.
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