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Com apoio da ActionAid, Campanha Nacional Em Defesa do Cerrado lança livro sobre importância dos saberes dos povos que vivem no bioma
Com apoio da ActionAid, Campanha Nacional Em Defesa do Cerrado lança livro sobre importância dos saberes dos povos que vivem no bioma
“Nós, seres humanos que vivemos nas matas, nós somos a biodiversidade”, afirma dona Socorro Teixeira, quebradeira de coco babaçu do Bico do Papagaio, no Tocantins. Inspirados em palavras como as da trabalhadora rural, no Dia Internacional da Biodiversidade, 22 de maio, em plena pandemia de Covid-19, a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado iniciou uma série de nove bate-papos virtuais centrados nos povos que promovem a conservação da biodiversidade do Cerrado: indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, raizeiras, geraizeiros, fecho de pasto, apanhadoras de flores sempre-vivas, benzedeiras, retireiros do Araguaia, pescadores artesanais, vazanteiros, pantaneiros, assentados de reforma agrária e tantos outros.
Os encontros virtuais se desdobraram em uma série especial de artigos publicados em parceria com o Le Monde Diplomatique online. Na sequência, esses artigos, alguns com versões ampliadas, foram compilados neste livro, que também conta com a parceria do veículo de comunicação e da ActionAid.
A publicação parte dos povos do Cerrado e de seus modos de vida tradicionais e nos leva até as suas formas de resistência diante de uma pandemia e dos desafios cotidianos.
Diana Aguiar, assessora da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e uma das organizadoras da publicação, explica:
A diversidade e a riqueza de saberes dos povos do Cerrado são um imenso patrimônio sociocultural desconhecido da maioria dos brasileiros. Esperamos que esse livro abra uma porta para quem tem aprendido a amar o Cerrado, se encantar com essa história ancestral, que segue se reinventando no presente e futuro.
O livro, em suas 254 páginas, traz relatos e análises que mostram que esses saberes tradicionais vão se transformando, sendo desenvolvidos e continuamente testados, adaptados e reinventados por meio do manejo consciente das paisagens, ao longo de inúmeras gerações, e por isso mesmo são resilientes, diversos e apropriados a cada lugar. Essa conexão entre tradição e inovação — em meio a uma profunda crise ecológica mundial e mesmo após décadas de devastação do Cerrado pelo agronegócio monocultural — está entre os maiores legados dos povos do Cerrado, partilhando horizontes de vida, agora, e para o futuro.
“Saberes dos Povos do Cerrado e Biodiversidade” é lançado juntamente com o novo portal da Campanha: campanhacerrado.org.br. O site se destaca por reunir dezenas de publicações, materiais educativos e de audiovisual sobre a biodiversidade, os inúmeros povos do Cerrado e os conflitos socioambientais, que podem ser baixados gratuitamente. São produções realizadas, ao longo de anos de atuação neste território, pelas mais de 50 organizações, pastorais e movimentos populares que compõem a Campanha, além de redes e entidades parceiras. Neste espaço, além da biblioteca, a população também é incentivada a contribuir com a Campanha enviando, por exemplo, denúncias e conteúdos sobre a região.
A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, da qual a ActionAid faz parte desde 2016, reúne mais de 50 organizações e movimentos sociais, e busca conscientizar sobre os impactos causados pelos grandes projetos de agronegócio, mineração e infraestrutura. Ao mesmo tempo, valoriza e reforça a identidade dos povos do Cerrado – que são os guardiões desse patrimônio mundial.
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