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Justiça econômica: o que isso tem a ver com o desempenho do Brasil nas próximas Olimpíadas?
Justiça econômica: o que isso tem a ver com o desempenho do Brasil nas próximas Olimpíadas?
O bom desempenho de diversos atletas nas Olimpíadas de Paris, o histórico número de medalhas dos atletas nas Paralimpíadas e o clima de torcida que tomou o Brasil nos últimos meses reacendeu um importante debate: como podemos ter ainda mais Rebecas, Bias e Rafaelas no futuro? E o que isso tem a ver com um conceito chamado justiça econômica?
“A grosso modo, podemos dizer que a Justiça Econômica é a compreensão de que todas as pessoas devem ter condições igualitárias para ganhar dinheiro e viver bem. E aqui encontramos o primeiro entrave, porque a promoção de condições igualitárias em uma sociedade desigual exige uma adequação das estratégias, reconhecendo que diferenças entre grupos sociais podem se manifestar em injustiças no cotidiano”, explica a Especialista em Justiça Econômica da ActionAid, Michely Ribeiro.
“Por exemplo, se ainda popularmente entende-se que as mulheres não jogam bem futebol mesmo a seleção brasileira tendo se classificado para as Olimpíadas de Paris, apesar da seleção masculina não ter se classificado, é preciso refletir sobre a real razão que paira em torno da expressão ‘mulheres não jogam bem futebol’.”
Para alcançarmos a justiça econômica, é preciso que ninguém seja tratado de forma injusta por sua raça, gênero ou origem, e que todos tenham acesso a um bom emprego, boas oportunidades educacionais, e a serviços básicos como saúde, moradia e lazer.
E onde entra o esporte de alto nível nisso tudo? O que futuros medalhistas olímpicos têm a ver com um bairro ter ou não acesso à água encanada ou transporte público acessível?
“Se as condições de lazer, para identificar quais esportes uma pessoa tem maior ou menor habilidade, dependem da disponibilidade de treinos em bairros periféricos ou bairros mais abastados, estamos também falando sobre o impacto da injustiça econômica nas oportunidades que cada pessoa pode, ou não, ter. E é justamente por essa razão que correlacionar justiça econômica para a entrada e desenvolvimento de jovens no esporte, principalmente para atletas de alta performance, é de extrema relevância. Com o suporte e apoio necessário, o talento de cada pessoa pode virar vitória!”
Iniciativas como o programa social da Prefeitura de Guarulhos, que revelou ao mundo da ginástica a maior medalhista brasileira de todos os tempos, Rebeca Andrade; ou o projeto “Maratona Infanto-Juvenil do Ibura” realizado pela ETAPAS e apoiado pela ActionAid, que apresentou a jovem Bruna à paixão pelas corridas, são alguns exemplos bem-sucedidos, mas falta ainda uma infraestrutura maior e constante de incentivo a esses jovens. Principalmente envolvendo outros aspectos de suas vidas, como acesso à educação, alimentação de qualidade e apoio aos outros membros de suas famílias.
Michely destaca, ainda, que meninas e mulheres são as mais afetadas pela ausência de políticas de seguridade social, o que torna ainda mais importante o desempenho de atletas mulheres nas Olimpíadas de Paris.
“Os avanços da participação de mulheres a cada edição das Olimpíadas, se dá diretamente acompanhando os avanços em torno dos direitos das mulheres na sociedade como um todo. A promoção de justiça econômica, quando é direcionada às mulheres no campo dos esportes de alta performance, sofre os impactos diretos da condição vivenciada pelas mulheres a partir do olhar da sociedade”.
Rebeca Andrade tinha 6 anos quando começou na ginástica, e entrou para a história apenas duas décadas depois. A construção de novos atletas não acontece da noite para o dia e, por isso, é preciso investimento de longo prazo, não só nos futuros medalhistas, mas também em suas famílias e suas comunidades, para que eles tenham o apoio necessário para seguir quebrando recordes. É exatamente o tipo de trabalho em que a ActionAid acredita, e que só pode ser realizado com a mobilização de toda a sociedade.
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