Histórias de Esperança: Leitura transforma vidas no sertão da Bahia
Em meio à pandemia do novo coronavírus, vivemos muitos desafios. Em momentos como este, é importante lembrar o quanto nossas ações de longo prazo são importantes para que as comunidades estejam mais fortes para enfrentar crises. Em junho e julho, vamos contar 9 histórias de esperança que mostram os impactos das doações que recebemos no último ano, antes do surto da Covid-19.
As histórias de Charles, Vestine, Sindy, Shinaha, Nabil, Istahil, Agostinho, Matsishido e Victor mostram as transformações que o Apadrinhamento torna possíveis no mundo todo. Vamos celebrar as mudanças que conquistamos e nos inspirar para continuar fazendo a diferença!
Conheça a história de Charles
No semiárido baiano, por exemplo, conseguimos oferecer atividades culturais e educacionais a centenas de crianças e adolescentes que, agora, têm um novo horizonte de formação.
Naquela região, o contexto nem sempre é favorável: crianças e jovens sofrem a falta de oportunidades de estudo e emprego, além de não terem ofertas de atividades e de equipamentos públicos de lazer e esportes. Como consequência, muitos sentem-se desencorajados a perseguir seus sonhos. Para piorar, em 2018, a falta de recursos estaduais levou ao fechamento de mais de 100 escolas em toda Bahia, afetando o ano letivo de 185 mil estudantes.
Mas, graças ao apoio dos nossos doadores, fortalecemos os direitos de 860 crianças e adolescentes do Recôncavo Baiano. Ao longo de um ano, através dos nossos parceiros do MOC (Movimento de Organização Comunitária), promovemos oficinas, cursos e seminários abertos sobre comunicação comunitária, direitos dos jovens e enfrentamento da violência nas vidas de crianças e adolescentes.
Além disso, escolas rurais da região ficaram mais atrativas para as crianças após a aquisição de quatro novos Baús de Leitura em 2018. São kits com livros sobre identidade, meio ambiente, tecnologia, participação política e cidadania.
Charles tem 14 anos e é um dos adolescentes que teve sua visão de mundo ampliada após participar das atividades. Na cidade onde mora, somente 5,9% dos 51 mil habitantes têm empregos formais. Por isso, a grande maioria da população local vive com menos de R$500 mensais. Mas Charles vê um futuro diferente. Enquanto se dedica ao Ensino Médio, está dividido entre três opções de carreira: Direito, Medicina e Administração.
Segundo ele, foi somente depois da chegada da ActionAid que ele começou a gostar de ler:
Eu sabia ler, mas eu achava que só porque sabia, não precisava exercitar a leitura, então eu não gostava muito. Só depois do Baú de Leitura foi que me interessei mais por ler.
Charles tem uma irmã mais nova, que mora com a sua mãe. Ele mora pertinho, junto com um casal de tios idosos, para ajudar a cuidar deles. Nossas atividades em parceria com nosso parceiro local, MOC, também alimentaram nele a vontade de tocar violão:
Quando eu fui para Feira de Santana, assisti à apresentação de uma mulher que tocava violão. Eu já achava bonito, só que isso me despertou uma vontade maior.
Charles também participou das oficinas de Mídias Sociais e Comunicações, em que aprendeu técnicas de fotografia e acabou criando um jornal comunitário. O projeto foi tão bem-sucedido que chegou ao prefeito da cidade.
Esse jornalzinho foi sobre a quadra comunitária que estava em estado decadente. Eu espalhei na escola, meus amigos também me ajudaram a espalhar no povoado e chegou até a Prefeitura. Então, o prefeito se mobilizou e disse que ia tentar reformar.
Enquanto segue estudando para construir o futuro que agora sabe ser possível, Charles quer aprender a tocar duas músicas no seu violão: “Anunciação”, de Alceu Valença, e “Como nossos pais”, de Elis Regina.
Porque são músicas… eu não sei explicar. De Elis Regina é uma música forte, que fala de direitos. E ‘Anunciação’, de Alceu Valença, fala de esperança, fala do Nordeste, fala sobre os períodos de seca, que com esperança tudo se torna melhor.
Mude uma vida, mude o mundo
Permanecer firmes em tempos de crise nem sempre é fácil, mas histórias como a do Charles são lembranças de que somos, sim, capazes de enfrentar as dificuldades. Juntos, seguimos dando às crianças que apoiamos a oportunidade de seguir transformando suas próprias vidas.