Gabriele é uma jovem que vive no Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco. Ela sempre sofreu com as desigualdades e a falta de acesso às oportunidades em sua cidade. Cabo de Santo Agostinho, de acordo com a pesquisa da UNESCO, é a pior cidade para jovens negros, entre 12 e 29 anos, viverem no Brasil.

Em 2012, Gabriele começou a participar do nosso programa de apadrinhamento, realizado na região em parceria com o Centro das Mulheres do Cabo. Em seguida, ela se envolveu com um projeto nosso para meninas e jovens, que incentiva o exercício da cidadania. Gabriele se tornou uma líder, compartilhando informações e organizando ações para prevenir a exploração sexual e o uso de drogas por meninas e mulheres jovens em sua comunidade.

Acho que todas essas atividades me ajudaram em meu modo de falar, agir, pensar e, de fato, lutar pelos meus direitos.

Com o fim do projeto, o desejo de Gabriele de organizar os jovens continuou, e com outros amigos, veio a ideia de criar o FOJUCA (Fórum de Juventudes do Cabo). Eles começaram a se organizar e a se fortalecer, participando de articulações de luta pelos direitos da juventude em sua cidade. O primeiro grande desafio de Gabriele foi ser uma líder na construção de uma manifestação no Dia Internacional da Juventude. A manifestação aconteceu, mobilizou toda a cidade, criou novos laços de articulação com outros movimentos, como o Levante Popular da Juventude, e ainda foi possível entregar uma carta com reivindicações ao prefeito de Cabo de Santo Agostinho.

Antes, nós, jovens, não sabíamos onde ou como buscar nossos direitos. Por exemplo, como vou me envolver na política? Hoje, através do FOJUCA, tenho aprendido a buscar meus direitos e também melhorias para toda a minha comunidade. Tenho certeza de que no final desta mobilização somos muito mais fortes, mostrando nosso rosto e nossa maneira de fazer política para toda a cidade.