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Financiamento ao agronegócio, segundo maior causador do efeito estufa, é mais que o dobro de investimentos em justiça climática, aponta ActionAid
Financiamento ao agronegócio, segundo maior causador do efeito estufa, é mais que o dobro de investimentos em justiça climática, aponta ActionAid
Uma nova pesquisa da ActionAid revela que há um abismo entre os montantes que financiam as causas da crise climática e o que é investido nas soluções. Os investimentos dos maiores bancos mundiais nas operações de agricultura industrial no Sul Global são duas vezes maiores do que os valores desembolsados pelos governos das nações mais ricas para ajudar os países que mais sofrem com a crise do clima.
O estudo “Como o financiamento flui: os bancos que estão incentivando a crise climática” mostra que, desde a assinatura do Acordo de Paris, as maiores instituições financeiras do mundo investiram US$ 369,2 bilhões (aproximadamente R$ 1,8 trilhão) para grandes empresas do agronegócio que operam no Sul Global, com empréstimos e subscrições. É uma média anual de US$ 53 bilhões (aproximadamente R$ 263 bilhões). Já o apoio financeiro a ações de combate à crise climática fornecido pelos países do Norte Global ao Sul Global em 2020 está estimado em valores entre US$ 21 bilhões a US$ 24,5 bilhões de dólares.
Os bancos que mais financiam a agricultura industrial estão sediados nos Estados Unidos, na Europa, na China e no Japão. O HSBC é o maior banco do agronegócio, fornecendo US$ 17,2 bilhões (R$85,2 bilhões) em financiamentos entre 2016 e 2022. É seguido no ranking pelo JPMorgan Chase (US$ 14,2 bilhões / R$70,4 bilhões), Bank of America (US$ 14 bilhões / R$69,4 bilhões), Citigroup (US$ 13,9 bilhões / R$68,9 bilhões) e Mitsubishi UFJ (US$ 13,2 bilhões / R$65,4 bilhões).
O relatório destaca o papel da agricultura industrial como o segundo maior contribuinte para a crise climática, na esteira da queima de combustíveis fósseis. O uso excessivo de agroquímicos pelo setor provoca grandes quantidades de emissões de gases com efeito de estufa (GEE), impulsiona o desmatamento e prejudica bilhões de pequenos agricultores e os sistemas agroecológicos – que poderiam alimentar pessoas em todo o mundo e, ao mesmo tempo, diminuir o aquecimento global.
“Embora os danos climáticos causados pelos combustíveis fósseis sejam bem conhecidos, a enorme contribuição da agricultura industrial para as emissões que provocam o aquecimento do planeta vem passando despercebida. Os bancos que financiam a agricultura industrial no Sul Global vêm acelerando a crise climática e prejudicando as comunidades agrícolas de pequenos agricultores. Esses produtores estão perdendo suas terras e meios de subsistência para gigantes do agronegócio em expansão”,
afirma Teresa Anderson, líder de justiça climática da ActionAid Internacional.
“As comunidades vulneráveis ao clima na África, na Ásia e na América Latina estão sofrendo os impactos das decisões tomadas em salas de reuniões do outro lado do mundo. Com esta pesquisa, os bancos já não podem negligenciar esta questão”, acrescenta.
As estatísticas mostram que o sistema alimentar industrial não fornece alimentos suficientes para o mundo e vem causando danos ao clima. O estudo da ActionAid aponta que o caminho para a mudança é a agroecologia, que provê segurança alimentar em níveis locais, reduz o desmatamento, limita a apropriação de terras e apoia os meios de subsistência e as economias das comunidades do Sul Global.
“Chegou a hora de uma ação climática definitiva. O mundo não pode continuar a defender da boca para fora a necessidade de financiar alternativas sustentáveis, como a agroecologia. Já está provada sua potência no fornecimento de segurança alimentar às comunidades mais duramente atingidas pelos efeitos das alterações climáticas na África, na Ásia e na América Latina”,
afirma Arthur Larok, Secretário-Geral da ActionAid.
Ao expor o papel da agricultura industrial e a sua dependência dos combustíveis fósseis para produzir agroquímicos que provocam grandes emissões de gases com efeito de estufa, o estudo da ActionAid recomenda que os governos e os bancos interrompam projetos e financiamentos que causam desmatamento e de outros prejuízos. É preciso apoiar uma transição feminista e justa para a agroecologia.
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