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Festival Mulheres do Mundo – WOW celebra diversidade das experiências femininas no Rio de Janeiro
Festival Mulheres do Mundo – WOW celebra diversidade das experiências femininas no Rio de Janeiro
Durante três dias, a zona portuária do Rio de Janeiro foi palco da primeira edição na América Latina do Festival Mulheres do Mundo – WOW, que transformou a região em um grande espaço aberto para o compartilhamento de saberes e experiências entre mulheres de todo o planeta. Realizado pela Redes da Maré, com apoio da ActionAid, o evento aconteceu de 16 a 18 de novembro e contou com 140 encontros, em diferentes formatos, para tratar das contribuições e da relevância da trajetória de mulheres de diversos campos do conhecimento.
Criado em Londres em 2010, o WOW já passou por 23 países. Segundo sua criadora, a ex-diretora artística do Southbank Centre Jude Kelly, o festival nasceu da percepção de que, apesar dos avanços na sociedade, ainda há muita desigualdade entre homens e mulheres e que é preciso celebrar e dar visibilidade às conquistas femininas:
O mundo é muito desigual, não vamos fingir que não é. E é muito mais desigual para algumas mulheres do que para outras. As mulheres têm feito de tudo, mas dificilmente são reconhecidas na história. Mulheres e garotas têm histórias incríveis e que geralmente não são celebradas. Foi por isso que criei esse festival.
Para Eliana Sousa Lima, fundadora da nossa parceira Redes da Maré – entidade curadora do Festival Mulheres do Mundo – o aspecto mais interessante do WOW foi a possibilidade de pensar um espaço de encontros, onde fosse possível unir diferentes perspectivas do que é ser mulher. “Hoje a gente vive muitos antagonismos, com muitos olhares fragmentados para as questões e os problemas das mulheres, e eu acho que o festival acrescenta muito na perspectiva de olhar mulheres diferentes, com experiências diferentes, dialogando e tentando entender o que a gente tem em comum”.
Eliana destacou ainda a importância de trazer o movimento WOW para o Rio de Janeiro:
“A gente vive numa cidade com uma fragmentação muito grande, em que as favelas e as periferias são vistas de uma maneira muito preconceituosa e estereotipada, então criar um espaço onde as mulheres se encontrem pra pensar sobre o que elas produzem, sobre sua força, sobre a necessidade de estabelecer encontros, tem a ver com o que eu acredito que deva ser a cidade”.
Parceira da Redes da Maré, a ActionAid colaborou com a construção do festival e esteve presente no WOW com uma série de atividades gratuitas e convidadas nacionais e internacionais para apresentar diferentes experiências do nosso trabalho com mulheres e meninas, que estão no centro das nossas ações no Brasil e no mundo.
Muito do nosso trabalho foi representado em mesas e oficinas, debatendo assuntos como Agroecologia, Igualdade de Gênero, Juventude e Participação Política, além dos temas das campanhas Cidades Seguras Para Mulheres e Pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico.
“Também conseguimos dialogar bastante com gente que não nos conhecia através do nosso estande, onde a gente pôde interagir com o público. E uma das coisas que destaco como mais interessantes foi a possibilidade de ter aqui as nossas parceiras que vieram de outros estados do Brasil, construindo com a gente esse evento”, explicou Lívia Salles, da nossa equipe de Programas.
Diretora da Unas, de São Paulo, Mércia Ribeiro, trouxe para o WOW a experiência da nossa parceria na conquista de políticas públicas:
Foi muito rico ter participado das discussões e nos reunido com tantas mulheres para compartilhar nossos avanços. Pudemos apresentar nossa ação dentro do movimento de Cidades Seguras Para Mulheres, quando fizemos um ‘lanternaço’ apontando cada poste que não funcionava na comunidade. A prefeitura agiu, consertando os postes defeituosos e Heliópolis se tornou uma das primeiras favelas da América Latina a receber lâmpadas de led.
Beth Cardoso, do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata – CTA; Francisca Nascimento, do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB e Verônica Santana, do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste – MMTR-NE, debateram sobre a estreita relação entre a agroecologia e a mulher.
“É preciso tirar da invisibilidade a produção das mulheres. Em média, cada brasileiro consome 7 litros de agrotóxico por ano. Isso é nocivo para quem come e muito mais nocivo para quem planta. A iniciativa da produção agroecológica geralmente parte das mulheres, que decidem não dar comida com veneno para os filhos e começam uma horta agroecológica. Depois, elas começam a vender os alimentos na comunidade, até o marido ver que aquele é um negócio viável”, explicou Beth, destacando que, hoje, os quintais agroecológicos são os espaços de maior diversidade de plantio na Zona da Mata mineira.
A roda de conversa de encerramento do WOW contou com a presença da gerente internacional da ActionAid para os direitos das mulheres, a indiana Shameem Sheik Dastagir. No auditório do Museu do Amanhã, ao lado da criadora do WOW Jude Kelly e de nomes como Heloísa Buarque, Schuma Schumaher e Tainá de Paula, Shameen compartilhou com o público as experiências da ActionAid para que mulheres e meninas sejam agentes de transformação nas comunidades onde vivem, superando a pobreza.
“Uma coisa que percebi durante os encontros do festival, e que também é o que falo na minha apresentação, é que as soluções apontadas para um mundo mais igualitário são quase sempre as mesmas: como podemos envolver mais as mulheres e planejar junto com elas, que elas tenham parte nas tomadas de decisão, de forma que se construa um mundo mais seguro para as mulheres e, consequentemente, para toda a sociedade. Estamos todas falando a mesma língua”, destacou Shameen.
Ao se tornar um doador da ActionAid, você também colabora por um mundo menos desigual. Saiba como fazer parte dessa mudança.
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