Como a agroecologia ajuda mulheres do Congo a proteger suas colheitas
Na República Democrática do Congo, as chuvas que antes eram uma benção, agora são um problema. Segundo os agricultores da região, porém, nem sempre foi assim. Quando as florestas não estavam tão degradadas, as chuvas não causavam um estrago tão grande. Agora que as montanhas e morros estão completamente desmatados, a água ganha uma força destruidora.
Zandi é uma das agricultoras que convive com o impacto das chuvas e conta que, por muito tempo, não conseguia cultivar sua terra de forma apropriada.
“As chuvas destroem tudo. Destroem os campos, as colheitas, nos deixam sem comida. Há dias em que vamos dormir com fome. Tentamos focar a produção na temporada de seca, mas as plantas acabaram morrendo também”.
O impacto das chuvas foi o estopim necessário para que os agricultores entendessem o quão importante para suas plantações eram as árvores ao redor. E, agora, trabalham juntos para conscientizar outras pessoas e mobilizar a sociedade contra empresas que emitem poluentes e destroem o meio ambiente.
Eustache Masai, Coordenador de Ação Humanitária da ActionAid, destaca o papel essencial da agroecologia como solução para a crise climática, principalmente em áreas predispostas a desabamentos, como são grandes partes do Congo.
“A agroecologia desempenha um papel essencial na construção de resiliência climática, justiça social e produção agrícola, é o meio que produz comida de maior qualidade. As áreas montanhosas são cercadas por vilarejos onde se concentram os lagos e rios. Com o desmatamento das montanhas e desabamentos, os rios transbordam regularmente e destroem as áreas nas margens”.
Um dos caminhos para reverter esse cenário são programas de combate aos deslizamentos e impactos da crise climática, implementados pela ActionAid ao lado de parceiros locais. Os projetos incluem campanhas de conscientização, capacitação em técnicas agroecológicas e técnicas de preservação ambiental.
Vinciane é outra agricultora que também mudou sua forma de lidar com a terra depois das capacitações agroecológicas da ActionAid.
“A chuva destruía minhas plantações. Eu plantava feijões em setembro, mas as chuvas começavam logo depois e não sobrava nada para colher. Agora aprendi a plantar na profundidade correta e construir pequenas cercas de proteção assim que os brotos aparecem, para combater a erosão”.
Com o apoio da ActionAid, ela também pode diversificar sua criação de animais, o que ajuda ainda mais a fortalecer a colheita.
“Minhas cabras, perus e galinhas ajudam a produzir adubo, que eu aprendi a armazenar e usar corretamente. As colheitas agora são boas o suficiente para eu conseguir pagar a escola dos meus filhos”.
Eustache explica como essas mudanças são possíveis graças à agroecologia.
“A agroecologia busca otimizar as relações entre plantas, animais e seres humanos com o meio ambiente, para um maior equilíbrio. Engloba manejo de água, reflorestamento, combate à erosão e defesa da biodiversidade, e protege a saúde do solo, dos animais e do planeta. Previne contra deslizamentos porque fortalece o solo e melhora a qualidade da água, tudo isso se somando para frear a crise climática”.