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Com novo relatório, ActionAid propõe boas práticas de monitoramento do orçamento público
Com novo relatório, ActionAid propõe boas práticas de monitoramento do orçamento público
Um novo relatório lançado pela ActionAid propõe facilitar o acesso ao monitoramento do orçamento público brasileiro. Mapeamento de boas práticas de monitoramento do orçamento público com foco em gênero, raça e etnia, e juventude é um material produzido pela Gênero e Número, com apoio da ActionAid, que reúne dados pesquisados por múltiplas organizações. A compilação é referente aos primeiros 18 meses da pandemia de Covid-19, e faz um recorte para a gestão de recursos com foco em gênero, raça e juventude.
O estudo tem como objetivo evidenciar como os gastos vêm servindo à proteção social, principalmente na resposta econômica à pandemia. O conteúdo cataloga as organizações que fizeram esse acompanhamento de forma mais sistemática e efetiva e também sistematiza principais achados em análises recentes feitas por essas organizações.
O relatório mostra que, no momento em que as mulheres estavam mais vulneráveis, sofrendo com altos índices de violência, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) deixou de executar 70% do recurso autorizado para a realização de políticas para as mulheres. Mostra ainda que, entre 2016 e 2019, o orçamento de promoção da igualdade racial caiu 71%. Negros e quilombolas foram excluídos do Plano Plurianual (PPA) de 2020-2023; estes grupos e a palavra racismo sequer são mencionados no plano.
Dados como este se inserem num contexto em que a má gestão dos recursos públicos se escancara no Brasil, de modo a prejudicar, ainda mais, os grupos vulnerabilizados da população, como mulheres, pessoas negras, indígenas, quilombolas, pessoas LGBTQIA+, crianças e adolescentes. Além do mais, o Brasil passa por um contexto de apagão de dados, que torna o acesso a informações difícil, demorado e até mesmo falho.
O relatório da ActionAid faz uma agenda de recomendações sobre o monitoramento do orçamento público, elencando as melhores práticas identificadas em todas as organizações estudadas. Estão entre elas a análise de dados de bases públicas abertas (Portal Siga Brasil, Portal da Transparência, etc); a Lei de Acesso à Informação; a interlocução com o Congresso Nacional para requerimentos de informação; a criação de material temático como notas técnicas; e a capacitação sistemática de cidadãos e movimentos sociais para democratizar acessibilidade ao orçamento público. Renata Saavedra, especialista em Direitos das Mulheres na ActionAid, afirma:
O acompanhamento dos recursos disponíveis, dos gastos e das prioridades do governo federal é um trabalho fundamental, mas cada vez mais desafiador, como mostra esse relatório. Ainda mais no que se refere a mapear investimentos em políticas públicas que atendam mulheres, pessoas negras, jovens, LGBT+s, indígenas e quilombolas. Visibilizar esse trabalho é parte da defesa que ActionAid faz de serviços públicos sensíveis a gênero e raça. Atuamos em prol do investimento público, de responsabilidade e transparência no acesso a serviços de qualidade para todas as pessoas. Para isso, é preciso tornar o orçamento mais democrático e acessível.
O estudo está sendo lançado nos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres (de 20 de novembro a 10 de dezembro). A ação de lançamento chama a atenção para como a defesa de políticas públicas integrais de proteção às mulheres requer conhecimento, debate e incidência sobre o orçamento público.
Para o lançamento do estudo, a Gênero e Número produziu uma reportagem (disponível no site) que mostra como a má execução do orçamento ameaça políticas de enfrentamento à violência contra mulheres para 2022. O conteúdo revela, por exemplo, que 74% do orçamento para políticas voltadas às mulheres em 2022 serão alocados para pagamento do Disque 100 e do Ligue 180, sem o investimento necessário em outros serviços da rede de enfrentamento à violência, como assistência social, jurídica, saúde, proteção e empregabilidade.
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