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Com apoio da ActionAid, agricultoras da Guatemala enfrentam crise climática e efeitos da exploração ambiental
Com apoio da ActionAid, agricultoras da Guatemala enfrentam crise climática e efeitos da exploração ambiental
Para Angélica, 44 anos, cada dia era um novo risco de que menos água sairia do único poço artesanal que sua família tinha acesso, em uma comunidade camponesa na costa sul da Guatemala. A região sempre foi quente, mas nos últimos anos as temperaturas se tornaram insuportáveis, acompanhadas de secas mais prolongadas e inundações devastadoras.
Além de cuidar dos três filhos, Angélica desempenha também o papel de promotora da agroecologia em sua comunidade e vem observando há algum tempo como as mudanças climáticas drásticas tem interferido no cultivo de alimentos da sua região.
“Temos um grande problema com a água. Quando eu era criança, nossos pais nos levavam ao rio; havia água para lavar roupa e tomar banho. Era água limpa, abundante e cheia de peixes. Agora, a água está turva e escassa no verão e há escassez de peixes. Vemos que a seca está durando mais tempo agora e às vezes chove tanto que corremos risco porque os rios ficam muito cheios”.
Apesar de estar em sétimo lugar no ranking de países mais vulneráveis à crise climática na América, a Guatemala contribui com poluição global com apenas 0,2% das emissões, um exemplo de como o impacto do clima extremo é sentido desproporcionalmente em países do sul global.
Foi com o apoio da ActionAid, ao lado do Comitê de Unidade Camponesa, que a família de Angélica e outras 150 da região começaram a receber treinamento para aumentar sua resiliência diante da crise climática, abrangendo diversificação de cultivos, novos sistemas de irrigação, técnicas sustentáveis para manejo do solo, utilização de produtos agroecológicos e locais em vez dos pesticidas e fertilizantes químicos que costumavam usar, entre outras medidas. Além disso, comitês de gestão de riscos foram estabelecidos para situações de emergência.
Apesar dos desafios, que envolvem também o impacto à saúde que empresas extrativistas atuando na região causam aos moradores, Angélica se mantém otimista.
“Temos um bonito grupo de companheiros que se organizam para ser ouvidos em nossas demandas pelo direito à água. Embora o governo não nos atenda, por estarmos organizados tivemos capacitações do Comitê de Unidade Camponesa (CUC) e apoios da ActionAid; além disso, nos favoreceram com hortas familiares com sementes e mudas, animais e ferramentas, o que nos permite ir sobrevivendo e nos adaptando a esta situação de exploração na qual temos que enfrentar as mudanças climáticas”.
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