Cidades para quem: veja o que elas disseram
No dia 30 de novembro, realizamos o Seminário Cidades Seguras para as Mulheres: Experiências e Práticas, junto com a 11ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, na Praça das Artes. Durante o encontro, recebemos representantes de organizações internacionais, do poder público e de movimentos sociais para discutir a vivência das mulheres nas cidades. Veja os destaques do debate sobre mulheres e cidades:
O fato de as mulheres precisarem organizar mapas mentais para transitar pelas cidades com segurança mostra que esses espaços não foram planejados sob a perspectiva de gênero.
Amanda Lemos, da ONU Mulheres no Brasil.
O corpo das mulheres é o primeiro espaço de resistências delas, porque os espaços urbanos são hostis para elas quando elas atravessam a cidade.
Jessica Barbosa, da ActionAid.
Essas mulheres que são mais pobres, que têm menos educação, que têm mais filhos, têm mais dependência do território e ao mesmo tempo moram no território mais esquecido pelos direitos serão as mulheres que sofrerão mais violência na cidade.
Ana Falu, professora da Universidade de Córdoba e co fundadora da Rede Mulher e Habitat.
As mulheres têm uma potência de reinventar em contextos de crise, criar soluções inovadoras para as questões de segurança pública e todas outras que cruzam essa pauta, essas soluções virão das favelas e periferias.
Shirley Vilella, do nosso parceiro Redes da Maré.
As mulheres que sofrem a violência ou que percebem o temor da violência, mudam suas rotinas, mudam suas vidas, até seu jeito de vestir, por causa do temor de violência.
Ana Falu, professora da Universidade de Córdoba e co fundadora da Rede Mulher e Habitat.
Em 2014 entramos na campanha de Cidades Seguras para as Mulheres com a ActionAid. Aí a gente foi entender o que é realmente segurança para as mulheres: uma segurança ampla com saúde, educação.
Lídia Tavares, do nosso parceiro Unas Heliópolis.
Cidades para quem? 13% das mulheres negras do Recife vivem a uma distância de até 300 metros das paradas de ônibus.
Letícia, Instituto de Política de Transporte e Desenvolvimento.
A pauta política vai ser nossa quando as pessoas puderem falar por si. Especialmente as mulheres negras e transgêneras.
Neon Cunha, ativista LGBT.
Uma das questões que a gente esbarra quando está falando de serviços públicos sensíveis a gênero é a falta de indicadores desagregados por gênero, é mais ainda se queremos indicadores desagregados por gênero, raça e classe.
Letícia Bortolon, Instituto de Política de Transporte e Desenvolvimento.
Mulheres da Maré repetem com veemência que o direito de ir e vir virou uma questão na vida delas, porque existe nos últimos dois anos uma exacerbação de armamentos e luta por território.
Shirley Vilella, do nosso parceiro Redes da Maré.
Os corpos das mulheres são políticos. São o primeiro espaço de resistência na cidade, são corpos dotados de cidadania.
Ana Falu, professora da Universidade de Córdoba e co fundadora da Rede Mulher e Habitat.
A cidade tem um gênero? As mulheres sempre estiveram na rua. Quem vive plenamente, quem vive bem, quem circula, quem se sente dono é o homem. Ele está integrado a cidade, enquanto as mulheres estão sendo perpassadas.
Amanda Lemos, da ONU Mulheres no Brasil.
A construção do medo na cidade também é uma narrativa de limitação da vida das mulheres, mais uma forma de controle que incide na vida delas.
Nalu Faria, da Marcha Mundial das Mulheres.
Hoje o movimento feminista, principalmente a juventude, tem dialogado sobre o sentimento de pertencimento na cidade, no território. O corpo sendo o primeiro território de resistência e a luta pela liberdade desses corpos na cidade faz parte disso.
Daise Recoaro, da Articulação das Mulheres Brasileiras.
A cidade tem uma dimensão política, material e simbólica, que tem uma série de valores intangíveis. Nessa dimensão simbólica é que as mulheres são oprimidas, são subalternizadas e por isso, não são incluídas no seu planejamento.
Ana Falu, professora da Universidade de Córdoba e co fundadora da Rede Mulher e Habitat.