Nessa semana, a escalada do conflito em Gaza ultrapassou uma triste marca: mais de 100 dias de destruição e ataques, que já causaram a morte de mais de 24 mil pessoas, quase a metade desse número crianças, e mais de 60 mil feridos, além da destruição completa de áreas inteiras da Palestina e do deslocamento forçado de centenas de pessoas. 

Mulheres e crianças são as mais afetadas pelo conflito e compõem aproximadamente 70% do número de vítimas, chegando ao assustador número de três mulheres mortas a cada hora e uma criança morta a cada dez minutos. As que sobrevivem, enfrentam outros problemas:, mais de 25 mil crianças perderam um ou ambos os pais e, em média, mais de 10 crianças já tiveram que amputar uma ou ambas as pernas todos os dias.

Mais de 85% da população de Gaza foi forçada a abandonar suas casas e agora vivem em condições críticas, em abrigos superlotados e com pouco acesso a higiene. Outros itens como comida, medicamentos e roupas adequadas para proteger do frio e da chuva também são raros e estima-se que 9 a cada 10 pessoas esteja fazendo menos de uma refeição por dia. 

Basma é uma das mulheres que enfrentam o desafio de cuidar dos seis filhos depois que o marido foi morto e eles foram obrigados a deixar sua casa, na parte norte de Gaza. 

“Eu e meus filhos vimos muitas cenas de terror e morte no nosso caminho do norte ao sul. Hoje, vivemos em uma tenda e a vida é praticamente não-existente. Meus filhos dormem ao som de tanques, balas e mísseis, não temos cobertores, colchões, banheiros ou higiene, além de quase nenhum remédio. Se meus filhos sobreviverem aos bombardeios contínuos, vão morrer de fome. Onde está o mundo?” 

A atuação da ActionAid na região 

Para Riham Jafari, Coordenadora de Advocacy e Comunicação da ActionAid Palestina, o mais dramático é ver que 100 dias já se passaram sem nenhum sinal de que os bombardeios e destruição irão parar. 

“O cenário em Gaza é desanimador. Centenas de milhares de pessoas passando fome, vivendo em condições desumanas e enfrentando a constante ameaça de morte seja por bombas, fome ou doenças. A cada dia que passa sem um cessar-fogo, centenas de palestinos são trágica e desnecessariamente mortos. Não podemos nos dar ao luxo de perder mais tempo, apenas um cessar-fogo permanente e imediato impedirá que mais vidas sejam perdidas e permitirá que os suprimentos que nós desesperadamente precisamos consigam chegar até aqueles lutando para sobreviver”. 

Desde a escalada dos ataques, a ActionAid já atendeu em Gaza mais de mil famílias com auxílio financeiro, quase sete mil famílias com alimentação – cestas-básicas, refeições quentes, kits com carne e vegetais e apoio com parceiros locais para a entrega de trigo. Na Cisjordânia, mais de mil famílias desabrigadas também receberam algum tipo de auxílio alimentar. 

Estima-se que mais de 13 mil kits de higiene serão entregues em Gaza até a última semana de janeiro e mais de mil em diferentes campos de refugiados na Cisjordânia. Além disso, uma parceria com organizações locais permitiu que cerca de 60 banheiros para mulheres fossem construídos em diversos locais que foram convertidos em abrigos. 

Ainda assim, o acesso à população é extremamente difícil e perigoso e, a pouca ajuda que chega, não é suficiente diante da escala da destruição. Iman, uma jovem voluntária em uma das organizações parceiras da ActionAid no local, resume o sentimento da maioria dos palestinos. 

“À todas as pessoas livres do mundo, todos os que tem um pingo de humanidade, silenciem as armas e os canhões e parem os ataques. Cem dias de guerra em Gaza, contra mulheres, crianças e idosos. Nós estamos aqui e pedimos para o mundo ficar do nosso lado. Trazer um raio de esperança para todos os inocentes. Parem a guerra”.

Entenda a atuação da ActionAid em Gaza