ActionAid apoia meninas a permanecerem na escola na Nigéria
País mais populoso da África, a Nigéria também abriga o maior número de crianças fora da escola no mundo. Em outras palavras, mais de uma em cada cinco crianças fora da escola no mundo vive na Nigéria.
Na região norte do país, a situação é ainda mais preocupante, com mais de 50% das crianças fora da escola primária. E as meninas são ainda mais desfavorecidas: elas têm menos de uma chance em dez de terminar o ensino médio.
Globalmente, a pandemia de Covid-19 contribuiu para aumentar ainda mais as desigualdades existentes na educação. Com a escassez de recursos para uma educação inclusiva, crianças mais pobres, meninas e crianças com deficiência têm menos probabilidade de continuar aprendendo durante o fechamento das escolas ou de retornar quando elas forem reabertas.
Uma combinação de discriminação, incluindo preconceito de gênero em atitudes em relação à educação de meninas, bem como a falta de acesso à eletricidade ou mesmo à tecnologia mais básica (como rádios, por exemplo) e uma escassez de recursos de educação inclusiva para pessoas com deficiência.
Estamos mudando esse cenário
Para combater esse problema, e a ActionAid apoia o projeto Quebrando Barreiras, que atua diretamente com as escolas, dando apoio a crianças vulneráveis, especialmente meninas e crianças com deficiência. Somente no estado de Sokoto, no noroeste da Nigéria, são 15 escolas atendidas, com atividades que visam aumentar a autoconfiança das meninas, ensinar habilidades práticas e incentivá-las a continuar seus estudos.
Até o final de 2020, o projeto atingiu 5.250 meninas e 300 meninos nas 15 escolas do estado. Nos Espaços Seguros criados pela ActionAid, as crianças têm a oportunidade de se reunir e aprender sobre uma série de questões, como direitos à educação, equidade de gênero e não discriminação e justiça tributária.
Mairi tem de 16 anos e está empenhada em concluir seus estudos, apesar dos muitos desafios em seu caminho. Todos os dias, ela acorda às 5 da manhã para buscar água, que vende em seu bairro para arrecadar dinheiro não apenas para sua própria educação, mas também a de seus irmãos.
Mairi conta que sua participação no Espaço Seguro ajudou a fortalecer sua confiança e lhe deu coragem para continuar seus estudos, apesar da pobreza e da falta de apoio de seus pais.
Não vou desanimar, vou estudar até chegar à universidade e me tornar médica! No Espaço seguro aprendi a cuidar da minha higiene, também aprendi alfaiataria a fazer sabão, além de como nos proteger e denunciar casos de violação sexual.
Com o projeto, as escolas viram um aumento nas matrículas. No final de 2019, um ano após o início do projeto, o número de matrículas de meninas na Escola Secundária Binji Junior, por exemplo, saltou de cerca de 70 para 480. Diretor da escola, Yahaya Bello atribui esse crescimento aos incentivos fornecidos pela ActionAid:
A ActionAid forneceu instalações para formação profissional, capacitando as meninas com vários cursos profissionalizantes. Isso realmente encorajou os pais a começarem a matricular suas filhas na escola.
Ações não pararam na pandemia
Em 2020, enquanto as escolas ficaram fechadas devido à Covid-19, o ensino passou a ser remoto, por meio de uma variedade de métodos, incluindo rádio, TV e Internet. Porém, muitas crianças e adolescentes não tinham acesso mesmo aos materiais mais básicos para acompanharem as aulas.
Durante esse período, a ActionAid distribuiu 500 rádios transistores para algumas das meninas mais vulneráveis nas escolas apoiadas pelo projeto. Isso permitiu que eles continuassem aprendendo durante o fechamento das escolas.
A ActionAid também realizou uma campanha intensiva de conscientização sobre a pandemia. Entre as ações, também foram realizados treinamentos de meninas e mulheres para a fabricação de máscaras e desinfetantes para as mãos.
Ummu tem 17 anos e foi uma das meninas que receberam um rádio da ActionAid. Ela é aluna de uma das únicas escolas no estado de Sokoto onde crianças com e sem deficiência podem aprender juntas. No entanto, com as escolas fechadas, Ummu, que é usuária de cadeira de rodas, achou difícil continuar seus estudos.
Mas, graças ao rádio que ganhou, Ummu pôde acessar as aulas remotas e isso fez toda a diferença: ela passou com notas altas no exame do Conselho de Exames da África Ocidental, que equivale ao ENEM do Brasil. Seus resultados a motivaram a continuar estudando muito e a realizar seus sonhos:
Quero ser advogada para lutar pelos direitos das crianças com deficiência! O rádio que recebi ajudou nos meus estudos e foi muito importante para que eu passasse no exame com boas notas.