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Água é Vida: como iniciativas da ActionAid vêm trazendo respostas concretas para a falta d’água no sertão
Água é Vida: como iniciativas da ActionAid vêm trazendo respostas concretas para a falta d’água no sertão
No ano de 2021, o Brasil viveu uma das maiores crises hídricas dos últimos 90 anos. A seca que historicamente ameaça a vida de pessoas em inúmeras comunidades, como no sertão pernambucano, vem se agravando no atual contexto de mudanças climáticas.
Em Exu, cidade natal de Luiz Gonzaga, famílias precisam administrar o uso de água a conta-gotas. Esse é o caso da agricultora Débora de Sales, mãe de três filhos. Todos os dias ela carrega nos braços esse precioso recurso para casa – seja para beber, para cozinhar, para tomar banho, para lavar a louça, ou para irrigar a plantação das árvores frutíferas.
Aqui a gente precisa pensar na água o dia inteiro. Não temos torneira na cozinha, nem no banheiro. Temos que tirar o dinheiro do alimento para comprar água no balde. Para o banho de cada criança vai meio balde de água. Não lembro a última vez que choveu, e na seca todo mundo acaba passando necessidade.
Graças ao trabalho da ActionAid em parceria com a organização local Caatinga, Débora hoje tem cisterna e o sistema de bioágua, e assim consegue estocar e reaproveitar ao máximo esse tão escasso recurso que precisa ser carregado diariamente.
A tecnologia do bioágua é formada por três partes: um filtro biológico (que filtra as águas que chegam com sabão e resíduos), tanque de reúso de água (que armazena água filtrada, bombeada para uma caixa elevada e que segue por gravidade para o quintal produtivo) e o sistema de irrigação por gotejamento. Assim, por exemplo, a água usada pela agricultora para lavar louça e para dar banho nas crianças escoa por um encanamento e é filtrada para uso na irrigação.
O projeto melhorou nossa vida. Antes eu não tinha nem cisterna. Eu tinha que ir buscar água o dia inteiro, não consigo nem contar o número de viagens que eu fazia. Meus filhos são apadrinhados pela ActionAid, e graças a isso tive oportunidade de ganhar também o bioágua e aí passar a reaproveitar a água.
Recentemente, a ActionAid lançou uma nota técnica, apontando saídas para a maior irregularidade de acesso à água com qualidade que vem se assolando pelo Brasil. A organização enfatiza que as respostas precisam ser sociais, políticas e coletivas. E convoca a sociedade a se engajar em ações diretas, como a campanha Água É Vida. Com os recursos mobilizados por essa iniciativa, é possível levar tecnologias sociais de acesso à água e métodos de convivência com o semiárido para as comunidades mais afetadas pela crise hídrica.
A nota técnica evidencia dados graves: a insegurança hídrica, medida pelo fornecimento irregular ou pela falta de água potável, atingiu, em 2020, 40,2% e 38,4% dos domicílios do Nordeste e Norte. Uma pessoa pode gastar até 36 dias no ano em busca de água no semiárido brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade. São, principalmente, mulheres e meninas, que desempenham essa função nas dinâmicas familiares.
A 60 km de distância de Exu, na cidade de Oricuri, Nilva Maria da Silva depende da boa vontade dos vizinhos que têm cisterna para pegar água. Na casa dela moram cinco pessoas. Com os 20 litros que consegue buscar, ela só consegue prover água para beber e para cozinhar. Recentemente, ela foi contemplada pelo apoio da nossa organização parceira Caatinga.
Acordo às 5h da manhã para buscar água, mas só dá para beber e para cozinhar. Para tomar banho, só podemos contar com a água salgada do poço do vizinho. Ter uma cisterna é o sonho da gente para sair desse sufoco. Tem que ter água em casa, porque água é vida.
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