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ActionAid soma voz de indignação quanto ao esvaziamento das pautas socioambientais no Congresso Nacional
ActionAid soma voz de indignação quanto ao esvaziamento das pautas socioambientais no Congresso Nacional
Na última quarta-feira (24.05), assistimos perplexos e com indignação a iniciativas do Congresso Nacional que trazem consequências graves à defesa da nossa biodiversidade, dos direitos de povos tradicionais e indígenas e do desenvolvimento sustentável do país. A primeira foi a aprovação da MP1154, que passa a responsabilidade da gestão do Cadastro Ambiental Rural do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério de Gestão e da Inovação e da demarcação de terras, que antes pertencia ao Ministério dos Povos Indígenas, para o Ministério da Justiça. Outra medida preocupante foi a emenda à MP1150 que enfraquece a proteção à Mata Atlântica e, tão grave quanto, foi a aprovação da PL490, que estabelece a tese do Marco Temporal segundo o qual povos indígenas que não estivessem fixados em suas terras antes de 1988, data de promulgação da Constituição Federal, perderão o direito sobre as mesmas.
Enquanto organização atuante por Justiça Climática e integrante do Observatório do Clima, a ActionAid soma voz à tal coalizão em repúdio ao tamanho esvaziamento dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. As medidas aprovadas representam um retrocesso e enorme equívoco na agenda ambiental, indo em direção contrária ao grande potencial do Brasil para liderar mundialmente uma agenda urgente de proteção das florestas, das águas e dos povos que habitam este planeta.
Neste momento, é papel de toda a sociedade que se preocupa com a superação das desigualdades sociais e com os efeitos das crises do clima – incluindo nós, organizações da sociedade civil – seguir em defesa do fortalecimento do Ministério do Meio Ambiente, da Agência Nacional das Águas (ANA) e do recém-criado Ministério dos Povos Indígenas. A demarcação de terras indígenas, administração da FUNAI e emissões de Cadastro Ambiental Rural, e a gestão de resíduos sólidos e saneamento, por exemplo, são prerrogativas e competências técnicas inquestionáveis desses órgãos. Não há argumentos que se sustentem para tal esvaziamento. É de urgente interesse da soberania e sustentabilidade nacional que as devastações ambientais, a má gestão hídrica e os genocídios das populações indígenas e quilombolas sejam imediatamente interrompidos. Não há tempo a perder diante de tamanha crise ambiental, econômica e social. O relatório aprovado no Congresso demonstra sua inadequação aos tempos de mudanças climáticas que estamos vivendo.
Para seguirmos a nossa missão de superação da pobreza e dos avanços por justiça socioambiental, precisamos que a agenda política esteja alinhada com uma visão de progresso que inclua todas as populações e o manejo adequado dos recursos naturais em vez de excluí-los ou exterminá-los.
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