Notícias
ActionAid se junta a organizações parceiras por uma educação antirracista no Brasil
ActionAid se junta a organizações parceiras por uma educação antirracista no Brasil
Já imaginou se a educação pública brasileira se tornasse o primeiro sistema antirracista no mundo? Pois a ActionAid uniu esforços com outras cinco organizações numa proposta ousada para que o fim da discriminação racial na educação se transforme em realidade. O primeiro passo já foi dado: o projeto liderado pelo autointitulado Grupo Brasil – formado por ActionAid, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), Geledés Instituto da Mulher Negra e UNEafro Brasil – foi selecionado entre os dez finalistas para o Desafio de Equidade Racial 2030, da Fundação W.K. Kellogg, numa chamada aberta e mundial de soluções inovadoras que tem o propósito de criar um futuro de condições mais igualitárias a crianças, famílias e comunidades em todo o globo.
De acordo com o anúncio internacional realizado nesta terça-feira (21.09) pela Fundação W. K. Kellogg, ao todo US $90 milhões serão concedidos para o investimento em organizações do campo de defesa de direitos humanos que promovem ações locais transformadoras e plurais de valorização das contribuições da população negra e dos povos indígenas nas áreas social, econômica, política, entre outras. O desafio recebeu inscrições de 72 países e as candidaturas foram avaliadas durante um processo de revisão de cinco meses – envolvendo especialistas multidisciplinares de todo o mundo – com base em quatro eixos: o caráter revolucionário, o critério equitativo, a ousadia e, por último, ser realizável.
Juntas, as seis organizações proponentes pretendem conciliar conhecimentos e mobilizar ações que envolvam a juventude, movimentos negros e educacionais em um processo que desencadeie sensibilização em todo território nacional. Ana Paula Brandão, diretora de Políticas e Programas da ActionAid, celebra:
Estamos muito felizes por fazer parte dos dez finalistas selecionados.
Suelaine Carneiro, Coordenadora de Educação e Pesquisa do Geledés Instituto da Mulher Negra, completa:
Especialmente neste momento tão delicado para a agenda de direitos humanos no Brasil, é uma conquista de magnitude imensurável, um reconhecimento histórico da produção dos movimentos negros e de educação na construção das diretrizes de uma educação antirracista.
O desenho da proposta criada pelo Grupo Brasil é bastante ousado e prevê um plano nacional de educação antirracista. As ações têm em sua essência a apuração de dados para a geração de estudos e pesquisas, propõem mobilização de atores do campo – inclusive parlamentares – e ampla difusão entre diferentes organizações da sociedade civil. Para a diretora de Políticas e Programas da ActionAid, apesar da ousadia, exigida pela chamada da Fundação W.K. Kellogg, trata-se de um projeto plenamente factível:
O racismo é estrutural no Brasil, o que significa dizer que ele demarca e atravessa as relações sociais, criando ou reforçando as desigualdades. Para combatê-lo, é preciso vontade política e articulação entre a sociedade civil e o Estado. E a educação é uma das vias de transformação dessa realidade. Há muitas experiências bem sucedidas no campo da educação para as relações étnico-raciais e também um acúmulo de informação e de dados sobre aprendizagem. Nosso objetivo é, a partir dessas experiências, construir coletivamente um sistema educacional antirracista, plural e inovador, que seja de fato transformador.
La June Montgomery Tabron, presidente e CEO da Fundação W.K. Kellogg, explica, em nota divulgada nesta terça, que a resposta deste Desafio demonstrou a urgência da igualdade racial em quase todos os cantos do mundo.
Cada um desses dez finalistas, visionários, representa um profundo compromisso com a comunidade e a liderança locais. Estamos orgulhosos de estabelecer parcerias e revelar suas soluções ousadas e revolucionárias para promover a equidade racial na próxima década.
O Desafio de Equidade Racial 2030 é administrado pela Lever for Change, uma afiliada da John D. and Catherine T. MacArthur Foundation, que auxilia doadores a encontrar e financiar soluções para os maiores desafios do mundo. Cada uma das 10 equipes finalistas receberá um subsídio de planejamento de 1 milhão de dólares por um ano, que inclui nove meses de apoio à capacitação para desenvolver ainda mais seus projetos e fortalecer suas aplicações.
Entre os finalistas, cinco prêmios totalizando 80 milhões de dólares serão anunciados em 2022. Três premiados receberão 20 milhões de dólares cada um e outros dois premiados, 10 milhões de dólares. Os subsídios serão pagos ao longo de oito anos para coincidir com os 100 anos da Fundação W.K. Kellogg, em 2030.
Cecilia Conrad, CEO da Lever for Change, afirma:
Os finalistas do Desafio de Equidade Racial 2030 propuseram ideias inspiradoras para corrigir uma das questões mais urgentes de nosso tempo. Ao formar parceria com candidatos com ideias semelhantes, essas equipes têm o potencial de desenvolver o trabalho umas das outras e alcançar mudanças transformadoras no mundo. Estamos ansiosos para acompanhar seu progresso.
O trabalho dos dez projetos finalistas reflete a complexidade em alcançar a equidade racial e as mudanças estruturais que são necessárias para efetuar uma mudança significativa de longo prazo, incluindo acesso a oportunidades econômicas, governança e justiça aprimoradas e bem-estar social.
Em estudo recente sobre desigualdades de gênero e raça, a ActionAid evidencia de que maneiras o racismo e o machismo estruturais prejudicam a população negra, principalmente as mulheres. Parte do projeto “Agenda 2030 no Brasil: difusão e promoção dos ODSs 1 e 2”, o relatório “Reconhecer para erradicar: o impacto das desigualdades de gênero e raça na manutenção de vulnerabilidades” consolida múltiplos dados publicados nos últimos anos sobre renda, emprego, ensino, alimentação, e muitos outros temas. E vai além: apresenta desdobramentos que evidenciam a urgência de um olhar mais aprofundado e específico.
Escolha os sites das outras sedes pelo mundo.