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ActionAid promove soberania alimentar na sala de aula e na mesa de crianças e adolescentes
ActionAid promove soberania alimentar na sala de aula e na mesa de crianças e adolescentes
Uma das melhores formas de transformar uma comunidade permanentemente é garantir que as crianças que fazem parte dela tenham ferramentas para serem agentes de mudança no futuro. É o que a ActionAid busca proporcionar através do programa de Apadrinhamento e um bom exemplo são as crianças apadrinhadas que fazem parte do projeto Educação Ambiental nas Escolas, promovido pela ActionAid ao lado do Esplar, organização parceira no interior do Ceará. O projeto promove o debate sobre soberania alimentar e as crianças conseguem ver na prática de que forma a alimentação saudável é importante na vida de cada um e da comunidade – inclusive quando se trata de proteção ambiental.
Oficinas temáticas são realizadas em 19 escolas municipais, de diferentes municípios cearenses. Neste ano o tema é Soberania Alimentar, mas os jovens já debateram os temas “Cuidar da água é fundamental para preservar a vida” (em 2022) e “Tire o Racismo do Caminho que Eu Vou Passar com a minha Cor” (em 2021). A forma como o assunto é tratado varia de acordo com as séries da escola. Do 1º ao 5º ano, as oficinas são mais lúdicas, com o uso de figurinhas representando os alimentos que as crianças usam para montar seus pratos fictícios. Já os alunos mais velhos debatem sobre dados de insegurança alimentar e sobre as vivências familiares e comunitárias que observam.
A pedagoga do projeto, Neuma Morais, explica.
“A gente ia perguntando: vocês comem feijão? Quem aqui tem roçado? Em geral, os familiares destas crianças plantam para comer e, muitas vezes, para vender. Dependendo do nível, a gente perguntava o que eles colocavam nas plantas quando surgia a praga e, com isso, a gente já fez um levantamento sobre o tema para discutir a questão dos agrotóxicos nos próximos anos. Quando perguntamos sobre criação, as crianças diziam que tinha muita galinha, porco, vaca, cabra. E as frutíferas? Aí, era um show: acerola, manga, caju, ata, graviola, goiaba, mamão”.
A segunda etapa do projeto uniu as discussões a uma atividade lúdica e interdisciplinar: o plantio. Para isso, a ação aconteceu na horta da escola. As crianças do 1° ao 5° ano ficaram responsáveis pelas sementes, e também por trazer uma garrafa PET para que, na hora da colheita, pudessem levar uma das alfaces para casa. Parte da conversa com os pequenos nesse momento também envolveu conscientizar sobre os cuidados com as plantas e a importância da horta para a manutenção da escola.
Neuma conta que o impacto dessas conversas nas crianças foi imediato.
“No outro dia, quando eu cheguei na escola para realizar atividades com outras turmas, vieram os relatos. As crianças já tinham colocado um pouco de água (na muda), deixado no sol e compartilhado com os familiares o que tinham feito e a necessidade de cuidar da muda, porque, quando o alface nascesse, eles teriam que comer também para ficarem fortes. Então, pode parecer uma coisa simples, mas essas crianças levam para a vida toda”.
O projeto traz para os participantes a possibilidade de ver os quintais produtivos das próprias famílias de outra forma, assim como aumenta a conscientização sobre os males trazidos por produtos industrializados e a importância da agricultura familiar para a sociedade.
Pedro, 11, é atendido pelo Apadrinhamento da ActionAid e vive com os pais e avós no assentamento, em uma propriedade com extensa produção de alimentos. Seu avô, Francisco, é um experimentador agroecológico que foi atendido, graças ao vínculo do neto com o Projeto Educação Ambiental nas Escolas, com uma tecnologia social de reuso de águas cinzas (água do banho e da lavagem de roupas e de louças). A família utiliza o insumo para aguar as plantas frutíferas.
Para Pedro:
“É bom ter quintal, porque se você não tiver dinheiro para comprar você vai lá e pega uma galinha, tira o feijão e cozinha”.
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