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ActionAid leva debates sobre agroecologia no combate à crise climática para Congresso Brasileiro de Agroecologia
ActionAid leva debates sobre agroecologia no combate à crise climática para Congresso Brasileiro de Agroecologia
No Brasil e em mais de 40 outros países onde estamos presentes, há mais de 20 anos a ActionAid vem promovendo práticas de agroecologia: uma agricultura sem veneno e resiliente ao clima, que convive com o meio ambiente, preserva sementes nativas e diversifica o cultivo. Mais do que uma forma sustentável de agricultura, acreditamos na agroecologia como uma solução real para o combate à fome a pobreza e para os desafios da crise climática.
Visando apoiar a compreensão sobre o espaço da agroecologia nas políticas públicas e ampliar a visibilidade das práticas agroecológicas, a ActionAid é uma das organizações apoiadoras do Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA). O evento, que comemora 20 anos de compromisso com a agricultura sustentável e a justiça ambiental, acontece de 20 a 23 de novembro de 2023 no Rio de Janeiro, com uma programação variada em diversos espaços da cidade para colocar a “agroecologia na boca do povo”.
Durante o CBA, a ActionAid vai promover duas atividades autogestionadas abertas ao público, com entrada gratuita. A proposta é aprofundar debates com parceiros e aliados sobre temas do nosso trabalho, relacionados a justiça climática e racismo ambiental.
Na terça-feira (21/11), das 9h às 12h, no no Passeio Público, vamos promover uma roda de conversa com o tema “Como as finanças se apropriam e destroem nossos territórios?”, com a participação de representantes do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas Gerais (CAA-NM), Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Grupo de Estudos sobre Mudanças Sociais, Agronegócio e Políticas Públicas (GEMAP/UFRRJ.
Junior Aleixo, especialista em Justiça Climática na ActionAid, fará a mediação da roda, que se propõe a construir reflexões comuns sobre os impactos da financeirização de terras e da agricultura nos territórios, agroecologia e sociobiodiversidade:
A ideia é demonstrar quais são, atualmente, alguns dos obstáculos que freiam não só os investimentos em sistemas verdadeiramente resilientes ao clima, como o sistema agroecológico, mas que criam novas frentes de exploração da natureza, da terra e da mão de obra humana: o sistema financeiro e as altas finanças
Essas reflexões fazem parte do estudo “Como o financiamento flui: os bancos que estão incentivando a crise climática”, lançado pela ActionAid em setembro de 2023. Junior destaca que são esses atores, representados pelos principais bancos internacionais, fundos de investimentos e fundos de pensão que tem contribuído de maneira efetiva para agravar a emergência climática no Brasil e no mundo, porque são os principais canalizadores de recursos para investimentos em monocultura de soja, megaempreendimentos minerários, privatização dos recursos hídricos e comercialização das florestas tropicais.
Por isso, a ActionAid Brasil propõe um espaço de discussão democrático no âmbito do CBA para decodificar essas ações predatórias e apresentar soluções efetivas de combate às mudanças climáticas, à insegurança alimentar e ao racismo ambiental.
Na quarta-feira (22/11), das 9h às 12h, na Fundição Progresso, será vez de uma oficina com o objetivo de consolidar caminhos coletivos para enfrentar o racismo ambiental e a fronteira energética (eólica e solar) que avança sobre zonas rurais e costeiras, inviabilizando permanência de agricultores na terra e ofício de pescadores, colocando em risco a segurança alimentar, a agroecologia e a vida no campo e nas águas.
Com o tema “Energia renovável sim, mas não assim!”, um grupo de mulheres agricultoras, pescadoras, ativistas, pesquisadoras e assessoras técnicas formado por representantes da ActionAid, AS-PTA, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) irão discutir que modelo de crescimento econômico é esse que coloca vidas em risco e para partilhar aprendizados e desafios na luta em defesa dos territórios rurais e maretórios e a agroecologia.
Para Jessica Siviero, especialista em Justiça Climática da ActionAid no Brasil, não basta dizer que determinada forma de gerar energia é renovável ou limpa porque emite menos gases de efeito estufa. É preciso uma energia que seja socialmente útil, que melhore a renda e a vida das comunidades onde essa energia é gerada e que fortaleça a produção de alimentos agroecológicos, a agricultura familiar.
Infelizmente, a transição energética que nos está sendo imposta não é essa. Não é justa, nem ecológica e nem feminista. As usinas eólicas e solares chegam nos territórios rurais e costeiros colocando em risco a permanência de comunidades e agricultoras/es em suas terras. São mais um exemplo de racismo ambiental.
Ela defende que a transição energética, que é uma tarefa urgente, precisa estar integrada à agroecologia:
As mudanças climáticas são um problema grave e que precisamos enfrentar com seriedade. Elas comprometem nosso bem-estar e o das gerações futuras. Mas alternativas para reduzirmos seus efeitos nocivos e melhor lidarmos com a nova condição climática do planeta existem. Acreditamos que a agroecologia é esse caminho e a resposta que precisamos. É possível revertermos o cenário de desmatamento e desertificação com a agroecologia, recuperando áreas degradas, por exemplo.
De 20 a 23 de novembro, o Congresso Brasileiro de Agroecologia abordará 16 eixos temáticos, com mais de 3 mil trabalhos submetidos, representando uma riqueza de ideias e conhecimento. Além disso, o evento sediará dois festivais, sendo um de cinema e outro de arte e cultura, que abrange cinco linguagens diferentes além da cinematográfica: música, exposições, dança, literatura e teatro.
Dentro do FicaEco – Festival Internacional de Cinema Agroecológico foram inscritas 215 obras de 5 países e 23 estados brasileiros. Além disso, na organização do Festival de Arte e Cultura da Agroecologia (FACA), a convocatória recebeu 95 propostas artísticas e, destas, 15 foram selecionadas para integrar a programação cultural do congresso.
O CBA 2023 promove ainda a inovação na agricultura com o Terreiro de Inovações Camponesas, onde agricultoras e agricultores compartilharão seus conhecimentos e experiências. Além disso, nos “Barracões de Saberes” haverá apresentações de atividades autogestionadas promovidas por pessoas e grupos envolvidos em práticas agroecológicas em todo o Brasil, a exposição de uma Muvuca de Sementes (uma mistura de sementes nativas e crioulas), e o Memorial dos Encantados, um ambiente para homenagear pessoas que atuaram pela agroecologia e morreram recentemente, enriquecendo ainda mais a programação.
12º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA)
Data: de 20 a 23 de novembro de 2023
Onde: Rio de Janeiro – Fundição Progresso, Passeio Público, Circo Voador, Associação Cristã de Moços (ACM), Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI-UERJ), Cine Odeon
Mais informações: https://cba.aba-agroecologia.org.br/programacao/
Como as finanças se apropriam e destroem nossos territórios?
Reflexões sobre os impactos da financeirização de terras e da agricultura nos territórios, agroecologia e sociobiodiversidade.
Local: Barracão Sistemas Agroalimentares e Economia Solidária (Passeio Público)
Com ActionAid, CAA-NM, MIQCB, CPT e GEMAP
Aberto ao público. Entrada gratuita.
Energia renovável sim, mas não assim!
Por que modelos centralizados de produção de energia são falsas soluções para enfrentamento das emergências climáticas?
Local: Barracão Justiça Climática e Agroecologia (Sala Atmosfera – Fundição Progresso)
Com ActionAid, AS-PTA, CPT e Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP)
Aberto ao público. Entrada gratuita.
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