A crise climática é um problema coletivo. Mas embora impacte a vida de todas as pessoas, ela alcança, com mais força, as populações historicamente vulnerabilizadas. Por isso, para a ActionAid, a justiça climática não é um assunto isolado, mas vem na esteira de tudo que a organização vem construindo ao longo de seus 50 anos de atuação no mundo, como justiça social, equidade de gênero e raça, e a luta pelo fim da pobreza.

Aqui no Brasil, estamos dando um novo passo nessa resposta à crise climática. A ActionAid decidiu unir forças com o Observatório do Clima – maior articulação brasileira sobre o clima, que reúne dezenas de entidades da sociedade civil, movimentos sociais, instituições acadêmicas, entre outras organizações.

O objetivo da rede é reunir diversas perspectivas em torno do tema, desde as elaborações científicas à atuação na agenda política. Há mais de 20 anos, a ActionAid atua de perto em territórios brasileiros, e vem descobrindo e implementando soluções, principalmente no que diz respeito à produção agroecológica.

Especialista de Justiça Climática da ActionAid no Brasil, Junior Aleixo afirma:

Discutir justiça climática vem da necessidade de pensar sobre a mudança de um modelo econômico produtivo. Defendemos que a agroecologia é uma das principais soluções e imperativos para as questões relacionadas à justiça climática. Estamos entrando na rede com uma bagagem relacionada a soluções nos territórios, como implementação de tecnologias sociais e a intermediação de financiamento da agroecologia.

Para o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, a ampliação da rede amplifica o debate sobre justiça climática na discussão pública, e avalia que a adesão da ActionAid tem muito a colaborar com a articulação:

A ActionAid trabalha com justiça social e pelo fim da pobreza. São pontos que alavancam a agenda do clima. As mudanças climáticas são uma fábrica de gerar pobreza e desigualdade em todo o mundo. O aquecimento do planeta vai atingir a todos, mas de maneiras diferentes. Quem é mais vulnerável fica com a parcela mais alta a ser paga. E historicamente, são as pessoas que menos geraram impactos climáticos. A ActionAid tem uma agenda estabelecida, que vai ajudar a rede como um todo e as organizações.

Para Junior Aleixo, o olhar cuidadoso para a justiça social pode trazer reflexões que conectem, de forma mais enfática, o clima e a insegurança alimentar, que caminha a passos largos no Brasil:

Entendemos que a agroecologia é um sistema que mitiga as mudanças climáticas, e antecipa as interferências no clima. A mudança climática é fruto do sistema produtivo em que vivemos, que é monoagroexportador. Queremos inserir o debate da agroecologia como uma das soluções para a produção agrícola, a erradicação da fome e a mitigação das mudanças climáticas.

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