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ActionAid homenageia mulheres da terra com nova campanha de apoio a agricultoras familiares
ActionAid homenageia mulheres da terra com nova campanha de apoio a agricultoras familiares
As agricultoras familiares, apesar de serem as grandes responsáveis pela produção para subsistência e da venda de comida saudável, têm pouco espaço na participação das decisões dentro e fora de casa, especialmente nos ambientes de comercialização e de acesso a políticas públicas. Assim, tanto para produzir quanto para vender seus produtos, precisam encarar muitos desafios. Alguns vêm do clima, como a desertificação do solo e a irregularidade das chuvas, sem poderem armazenar água, ou a ausência de melhores condições para plantar, colher e vender sua produção. Outros, vêm da própria sociedade: o machismo ainda persiste, o que dá margem para exclusão social, preconceito e diversas formas de violência. Por isso, neste mês de março, a ActionAid lança a campanha Mulheres da Terra, uma iniciativa de transformação por meio da agroecologia baseada no sucesso de mais de 20 anos do nosso trabalho no Brasil.
“Entendemos que essas agricultoras são agentes da mudança em suas comunidades e precisam estar capacitadas e terem as condições necessárias para impulsionar esta transformação”, conta Julia Rockenbach, coordenadora de Mobilização de Recursos com Doadoras e Doadores da ActionAid.
No Brasil, segundo o Censo Agropecuário 2017 (IBGE), apenas 1 em cada 5 áreas de cultivo são lideradas por mulheres. Muitas são responsáveis pelo cultivo da terra ou produzem em seus próprios quintais para subsistência, mas poucas são reconhecidas por isso. Porém, sabemos que são elas as que mais se destacam no cuidado com a natureza e com as pessoas. O Censo Agropecuário mostra também que os homens não só controlam a maioria dos estabelecimentos agrícolas, sendo os dirigentes da maior quantidade deles (87,32%), mas estão presentes em áreas maiores (81,70%). Está no Nordeste a maior parte desses estabelecimentos dirigidos por mulheres (57%), e a região concentra ainda o maior percentual de estabelecimentos dirigidos por mulheres pardas (61%) e pretas (24%) e melhores condições legais da terra.
Como é o caso da agricultura Cristina, que conta com apoio da ActionAid em parceria com a organização MOC, e hoje vive da renda gerada por seu quintal agroecológico no semiárido baiano.
“Antes de ter apoio da ActionAid e das organizações sociais aqui da região, eu trabalhava com meus pais na plantação de milho, feijão, mandioca, também fazíamos chapéu com palha, o que gerava muito pouca renda. O que eu plantava era muito pouco, mal dava para consumo próprio. Aí comecei a participar dos treinamentos, tive acesso à cisterna, passei a ter minha horta e me vincular à cooperativa. Hoje, estou inserida na feira orgânica do município e tenho muito orgulho por produzir o alimento saudável e sem veneno que alimenta minha filha e os colegas dela na escola”.
A agricultora de 37 anos completa:
“Meu sonho é não ver mais ninguém passando fome. Não só a fome do comer, mas a fome do saber. Porque eu acho que é essa a que mais nos mata. As mulheres daqui têm força, garra e coragem. O que a gente continua precisando é de mais oportunidades. Eu provei isso para mim mesma e para os outros, que como mãe solteira, mulher, eu posso lutar, e hoje eu consigo trabalhar e sustentar minha família”.
Na casa de Maria Agnelina, outra agricultora que conta com apoio da ActionAid, tanto ela quanto suas duas filhas conseguiram chegar à graduação em nível superior a partir da renda gerada por sua produção de alimentos. Agnelina hoje é graduada em história e tem pós-graduação em Educação do Campo. A agricultora de 50 anos conta:
“A agroecologia atualmente é minha renda complementar e me faz feliz. Eu produzo alimentos para comercializar aqui no campo e na cidade, porque alimentação de qualidade é muito importante. Eu quero uma vida melhor para todas as pessoas. Eu quero mudança de vida, transformação para todas as mulheres, porque ser empoderada e trabalhar naquilo que a gente gosta é muito bom. Hoje tenho liberdade de fazer o que eu gosto e o que eu quero”.
Por todo o Brasil, a ActionAid vem apoiando e testemunhando as histórias dessas mulheres que mudam suas realidades no campo e, consequentemente, também contribuem para a mudança na cidade – fazendo chegar às mesas urbanas alimentos de qualidade e sustentáveis do ponto de vista socioambiental.
Com a contribuição de um pequeno valor mensal (pouco mais de R$ 1 por dia), doadoras e doadores ajudam a impactar a vida de milhares de pessoas. A doação pode ser feita pelo site Mulheres da Terra ou por telefone 0800 940 4420.
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