Acesso à água muda a vida de comunidade no Zimbábue
As 48 famílias residentes na pequena vila de Toronga, no Zimbábue, dividiam seu consumo de água entre dois poços artesianos, cavados no entorno do vilarejo. Isso até que um deles quebrou, deixando a comunidade em uma precária situação para se hidratar, cultivar alimentos ou atender às necessidades básicas de higiene. E dependendo quase que exclusivamente das mulheres e meninas que se dedicavam a percorrer a distância de quase 5km com baldes de até 20 litros, a pé, ao menos três vezes ao dia, para acessar o poço mais próximo.
As diretrizes de bem-estar recomendam que uma fonte de água não esteja a mais de 500m de distância de onde será usada, mas – assim como o vilarejo de Toronga – estima-se que mais de 40% da população mundial não tenha acesso à água potável, situação agravada cada vez mais pelas mudanças climáticas e catástrofes naturais extremas e imprevisíveis.
O cenário começou a mudar quando o Programa de Proteção à Criança Simukai, em parceria com a ActionAid, entrou em ação para adquirir materiais para o conserto do poço quebrado e para construir 6 novos, com capacidade para atender não só Toronga, mas também outros vilarejos na região. Além disso, foram organizadas equipes para a manutenção constante dos poços, com acesso à capacitação e aos materiais necessários.
Além de contribuir para a higiene e alimentação da comunidade, a revitalização dos poços retirou dos ombros de mulheres e meninas o peso do trabalho não reconhecido de prover água para toda a comunidade. Agora, as crianças podem frequentar a escola sem interrupções e as mulheres têm mais tempo e energia para se dedicar a outras tarefas, como o cultivo de alimentos em hortas comunitárias construídas ao redor dos poços.
Lutando contra a Covid-19 sem água
A situação já precária da falta de acesso à água foi agravada durante a pandemia, onde a higienização correta e constante das mãos era uma medida essencial para impedir o avanço da Covid-19.
A agente de saúde da vila, Elizabeth Mutizamhepo, 53, ilustra bem as dificuldades enfrentadas no período.
“Como responsável pela saúde da comunidade, muitas pessoas visitavam a minha casa para tratar de diversas questões, então eu precisava manter água disponível para que todos pudessem lavar as mãos sempre que viessem. Com isso, precisava constantemente ir até o poço buscar água limpa”.
Além da Covid-19, outras doenças relacionadas ao consumo de água não-potável ou à água parada agora podem ser melhor combatidas também, o que melhorou a qualidade de vida de toda a comunidade.