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Mesmo depois de escapar de situações de emergência, mulheres e meninas refugiadas enfrentam ainda mais desafios
Mesmo depois de escapar de situações de emergência, mulheres e meninas refugiadas enfrentam ainda mais desafios
Retalhos de roupas, panos e até mesmo folhas. Esses são alguns dos itens que mulheres fugindo de emergências climáticas ou bélicas são obrigadas a usar para lidar com a menstruação, frequentemente em espaços sem privacidade e higiene básica.
De acordo com estimativas da ONU, mais de 50 milhões de mulheres e meninas vivem em situação de deslocamento no mundo todo, mais da metade do total da população refugiada. Forçadas a deixar seus locais de origem devido a conflitos armados, catástrofes climáticas, fome, perseguição e outras situações.
Uma dessas mulheres é Aisha, de 39 anos, que vive em um campo de refugiados na Somália.
“Higiene menstrual é um grande problema pra mim. Absorventes são caros e, na maioria das vezes, quando recebemos auxílio humanitário, ninguém pensa em itens de higiene menstrual por conta de outras necessidades mais urgentes, como comida e água. Quando eu consigo esses itens, me sinto envergonhada e desconfortável”.
Infelizmente, não são poucos os relatos como o de Aisha. Mary, atualmente refugiada no Congo, conta que muitas vezes, não há nada limpo para usar. “Eu rasgo pedaços das roupas que ainda tenho. É humilhante e desconfortável, mas não tenho escolha”.
Já Suzanne, também refugiada no Congo e mãe de três meninas, se preocupa com o futuro das filhas.
“Já precisei usar roupas velhas e até mesmo folhas para lidar com minha menstruação. Não só era desconfortável, como também anti-higiênico. Eu me preocupo com minhas filhas enfrentando esses mesmos problemas”.
Em emergências humanitárias, as rupturas nos sistemas de abastecimento e a destruição da infraestrutura local tornam o acesso a itens de higiene uma tarefa quase impossível. Mulheres e meninas ficam, ainda, sem espaços seguros e com privacidade.
Por isso, durante respostas a emergências, a atuação da ActionAid busca incluir também ações que minimizem esse impacto. Como a construção de banheiros em locais convertidos em abrigos e a entrega de kits de higiene pessoal, como aconteceu recentemente no território ocupado da Palestina.
Wangari Kinoti, liderança na ActionAid para Direitos das Mulheres, resume a questão.
“Emergências criam o ambiente menos adequado para menstruação e isso traz uma série de riscos para o bem-estar e a saúde dessas pessoas. Além de aumentar o estigma em relação a menstruação, traz também repercussões para o acesso de outros direitos. Nosso desafio é lembrar governos e todos os envolvidos em ações de emergência que saúde menstrual é um direito e precisa ser defendido em situações de calamidade”.
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