ActionAid integra grupo de organizações que pleiteiam paridade de gênero e raça para a COP do Brasil
Documento lançado no Dia da Mulher elenca seis condições a serem respeitadas nas negociações da Conferência do Clima brasileira agendada para novembro do próximo ano
Mais de 40 organizações da sociedade civil divulgam nesse 8 de março um manifesto (leia abaixo) demandando paridade de gênero, raça, etnia, classe social, geração, identidade de gênero e orientação sexual nos preparativos e nas negociações da COP30, a conferência do clima da ONU que vai acontecer no Brasil em novembro de 2025. O comitê organizador do evento que acontece neste ano na capital do Azerbaijão recebeu críticas em janeiro por ser composto exclusivamente por homens; apenas sob pressão incluiu mulheres.
O manifesto das organizações brasileiras vai além da composição das equipes e elenca seis condições essenciais: equidade e representatividade nas delegações; promoção da igualdade de oportunidades; inclusão de perspectivas de gênero em políticas climáticas; investimentos em formação; combate à violência de gênero relacionada ao clima; e transparência. “Acreditamos que a inclusão plena e a igualdade de participação de mulheres, homens e outras identidades de gênero é essencial para a construção de um futuro resiliente e sustentável para o nosso planeta”, afirma o documento.
A mobilização nasceu dentro do Grupo de Trabalho de Gênero e Justiça Climática do Observatório do Clima, que conta com 180 integrantes da rede do OC e de não membros.
Depois de três COPs sediadas por países em que ser mulher já é algo desafiador – Egito, Emirados Árabes e Azerbaijão, o governo brasileiro terá a oportunidade de construir história de maneira genuinamente democrática. Começando pela delegação do Brasil e se estendendo para as negociações, cada vez mais urgentes em respostas abrangentes e efetivas,
diz Isvilaine Silva, assessora de mobilização e engajamento do Observatório do Clima.
Jessica Siviero, especialista em Justiça Climática na ActionAid, acrescenta:
Como anfitriã, é responsabilidade da delegação brasileira garantir diversidade e representatividade nas discussões sobre clima. É preciso cuidar de quem cuida e amplificar as vozes de quem luta por justiça climática, para não perpetuarmos o racismo climático.
O grupo também produziu uma campanha com as “Mulheres que dão as cartas pelo clima”. Trata-se de um baralho, com a imagem de líderes que se destacam na luta contra a crise climática e as consequências do aquecimento global. As catorze primeiras já começaram a circular com figuras como a ministra do STF Cármen Lúcia; a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; a ministra do Povos Indígenas, Sonia Guajajara; a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni; a líder indígena wapixana Sinéia do Vale; a líder comunitária de Caranguejo Tabaiares (PE) Sarah Marques; a jornalista Elaíze Farias; além de artistas como a cantora Maria Gadú e a atriz Laila Zaid.
Sobre o Observatório do Clima
Fundado em 2002, é a principal rede da sociedade civil brasileira sobre a agenda climática, com 107 integrantes, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Seu objetivo é ajudar a construir um Brasil descarbonizado, igualitário, próspero e sustentável, na luta contra a crise climática (oc.eco.br). Desde 2013 o OC publica o SEEG, a estimativa anual das emissões de gases de efeito estufa do Brasil (seeg.eco.br).
Sobre a ActionAid
A ActionAid é uma organização global que trabalha com mais de 41 milhões de pessoas que vivem em mais de 71 dos países mais pobres do mundo. Queremos ver um mundo justo, equitativo e sustentável, no qual todos desfrutem do direito a uma vida com dignidade e livre da pobreza e da opressão. Trabalhamos para alcançar justiça social, igualdade de gênero e erradicar a pobreza.
Informações para imprensa
Solange A. Barreira – Observatório do Clima
solange@pbcomunica.com.br
+ 55 11 9 8108-7272
Claudio Angelo – Observatório do Clima
claudio@oc.eco.br
+55 61 9 9825-4783
Ana Carolina Morett – ActionAid
assessoria.imprensa@actionaid.org
+ 55 21 995021957
Manifesto pela Paridade de Gênero e raça na COP30
Nós, organizações da sociedade civil brasileira, reconhecemos a importância de promover a paridade de gênero, raça, etnia, classe social, geração, identidade de gênero e orientação sexual como princípios fundamentais para alcançar soluções para as mudanças climáticas. Acreditamos que a inclusão plena e a igualdade de participação de mulheres, homens e outras identidades de gênero é essencial para a construção de um futuro resiliente e sustentável para o nosso planeta. As organizações recomendam as ações a seguir para o sucesso dos trabalhos de negociação na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a se realizar no território brasileiro em novembro de 2025.
1. Equidade e Representatividade nas Delegações
Demandamos que as delegações do governo para a COP30 sejam montadas de forma equitativa e adotem medidas concretas para garantir uma representação de mulheres em todos os níveis de participação, considerando o critério de raça, etnia, geração, identidade de gênero e orientação sexual nos espaços de decisão. Dessa forma, serão dadas oportunidades iguais para que as vozes de todas as 3 identidades de gênero possam estar na delegação e que sejam ouvidas e respeitadas.
2. Promoção da Igualdade de Oportunidades
Exigimos a eliminação de barreiras que impedem o acesso igualitário de mulheres a recursos financeiros e tecnológicos. A igualdade de oportunidades é fundamental para alcançar uma transição justa e o combate da crise climática rumo a um país descarbonizado.
3. Inclusão de Perspectivas de Gênero em Políticas Climáticas
Defendemos a integração sistemática de uma abordagem interseccional (que considere elementos como gênero, raça, etnia, classe social, geração, identidade de gênero e orientação sexual) em todas as políticas climáticas. Isso implica considerar as diferentes experiências e os impactos das mudanças climáticas nas meninas e mulheres, bem como reconhecer o papel crucial que desempenham na prevenção e resolução de conflitos e na implementação de soluções inovadoras e sustentáveis para enfrentar a crise climática.
4. Investimentos em Formação
Instamos os governos e organizações envolvidas na COP30 a investirem em programas de formação e educação que promovam a participação ativa das mulheres, de maneira que elas possam contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas. E que as experiências locais sejam socializadas e consideradas na produção de soluções durante o encontro.
5. Combate à Violência de Gênero Relacionada ao Clima
Reconhecemos a interseção entre mudanças climáticas e violência de gênero e instamos os Estados a adotarem medidas eficazes para prevenir e combater todas as formas de violência de gênero associadas aos impactos climáticos. Isso inclui a implementação de políticas de proteção e apoio às comunidades mais vulnerabilizadas.
6. Transparência
Pedimos total transparência nas ações e compromissos do governo em relação à promoção da paridade de gênero, raça, etnia, classe social, geração, identidade de gênero e orientação sexual. A paridade de gênero, raça, etnia, classe social, geração, identidade de gênero e orientação sexual é a base para a democracia participativa, justiça climática e a sustentabilidade global. Estamos unidas e unidos em nossa busca por um mundo onde todas as vozes importam e todas as pessoas têm a oportunidade de contribuir para um futuro climático mais justo e equitativo.
Já assinaram este manifesto as seguintes organizações:
1. 350.org Brasil
2. ActionAid
3. Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
4. Apremavi
5. ARAYARA
6. Associação de Eficiência Energética no Saneamento Ambiental – AEESA
7. Associação Soluções Inclusivas Sustentáveis (SIS) (SIS)
8. Casa do Rio
9. CEBRI
10. Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (FGVces)
11. CEPIA – Cidadania Estudo Pesquisa Informação Ação
12. Coalizão O Clima é de Mudança
13. Coletivo de Entidades Negras (CEN)
14. EmpoderaClima
15. Fundação Ecotrópica
16. Fundação SOS Mata Atlântica
17. Greenpeace Brasil
18. IEB
19. IMAFLORA
20. Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade
21. Instituto Alziras
22. Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA)
23. Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc)
24. Instituto Pólis
25. International Energy Initiative (IEI Brasil)
26. Kurytiba Metropole
27. NUCA
28. Observatório do Clima
29. Oceana
30. Operação Amazônia Nativa (OPAN)
31. Oxfam Brasil
32. PerifaConnection
33. Perifalab
34. Plant-for-the-Planet Brasil
35. Plataforma CIPÓ
36. Projeto Saúde e Alegria
37. Proteção Animal Mundial I World Animal Protection Brazil
38. Simbiose
39. Uma Gota No Oceano
40. Utópika Estúdio Criativo
41. Youth Climate Leaders -YCL
42. Youth4COP30