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Atividades de escuta e pesquisa são pontapé para o ‘Meninas em Movimento’, projeto que enfrenta a violência sexual em Pernambuco
Atividades de escuta e pesquisa são pontapé para o ‘Meninas em Movimento’, projeto que enfrenta a violência sexual em Pernambuco
Comunicar envolve troca de informações e, para iniciar um projeto social, nada melhor que escutar: para conhecer, antes de atuar. É com esse exercício que o projeto “Meninas em Movimento”, de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes, iniciou as atividades, neste segundo semestre, em sete territórios da Região Metropolitana do Recife (RMR). O trabalho é realizado pela ActionAid, com o apoio da Casa da Mulher do Nordeste (CMN), do Centro das Mulheres do Cabo (CMC), e da ETAPAS, com o patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental.
Esse primeiro contato recebe o nome de “linha de base”, que é considerada uma atividade preliminar — que tem o objetivo de identificar a realidade e o contexto em que se encontram as comunidades a serem beneficiadas, com relação aos temas e problemáticas que serão enfrentadas pelo projeto.
Neide Silva, a assistente social da ETAPAS que coordena a linha de base, explica:
O trabalho é feito ouvindo os diferentes segmentos, usando metodologias específicas, a exemplo de pesquisas qualitativas e quantitativas. Para isso, promovemos grupos focais, com um número limitado de participantes, que são constituídos de acordo com os critérios de faixa etária e foco no público de meninas.
O processo da linha de base é dividido em etapas, que são: a divulgação do projeto nas comunidades com diferentes segmentos; a mobilização dos participantes das escutas; a realização das atividades de diálogo; sistematização e análise dos dados; e a devolução dos resultados aos participantes. Todo esse processo irá subsidiar as ações e contribuir para o monitoramento e avaliação da iniciativa “Meninas em Movimento”, que beneficiará diretamente 830 pessoas, e cerca de 16 mil indiretamente, nos territórios de Gaibu, Vila Suape, Engenho Massangana e Nova Vila Claudete, localizados no Cabo de Santo Agostinho; Vila Califórnia, em Ipojuca; e Ibura e Passarinho, em Recife.
A educadora social da Casa da Mulher do Nordeste, Anabelly Brederodes, que acompanha de perto o território de Passarinho, avalia que, para além da pesquisa, a linha de base contribui para que as mulheres sintam-se incluídas desde o início da atuação. Dessa maneira, elas constroem, juntamente com a equipe, as soluções para transformar os territórios em lugares mais seguros para meninas, mulheres e famílias.
Está sendo renovador para o projeto escutar como essas mulheres enxergam, de dentro de seus próprios corpos, mentes e territórios, as violações de direitos e violências que ocorrem a todo instante. Muitas estavam ficando adoecidas, e nos agradecem pela acolhida,
conta Anabelly.
Além do trabalho com o público direto, serão feitas escutas com gestores públicos, lideranças comunitárias e pessoas de referência nas temáticas abordadas, como pontua Neide. Após a linha de base, serão elaborados relatórios parciais e finais — que são socializados e debatidos com as entidades parceiras, público e comunidades.
Esse material serve como subsídio para monitorar a situação inicial, os processos, as ações e os resultados alcançados.
Esse pontapé é importante para que o projeto conheça as comunidades através do olhar das próprias meninas e mulheres, que mostrarão caminhos para se articular uma rede de proteção local para elas, como salienta a psicóloga Hyldiane Lima, que é coordenadora de projetos do Centro das Mulheres do Cabo e atua como articuladora e mobilizadora no “Meninas em Movimento”:
Vamos nos aproximar, localizar lugares onde elas possam se articular para fortalecer políticas públicas, notar os serviços que existem e os que faltam. Então, a partir das atividades de incidência política, levá-las para lutar pelos direitos. Quiçá, daqui a dois anos, essas comunidades terão ampliado os serviços e estarão melhores do que atualmente.
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