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Combate ao coronavírus: cestas da agricultura familiar geram renda e alimentação segura
Combate ao coronavírus: cestas da agricultura familiar geram renda e alimentação segura
As necessárias medidas de isolamento social durante a pandemia do coronavírus pegaram também de surpresa agricultores e moradores das zonas rurais de todo o Brasil. Enquanto produtores familiares enfrentam dificuldade para escoar seus alimentos, famílias correm risco de passar fome por falta de trabalho e por suas crianças estarem sem acesso a merenda escolar. Para amenizar esse problema, no entanto, projetos parceiros da ActionAid entraram em ação já no início da pandemia com soluções de economia solidária, formando parcerias com diversas organizações e governos locais para a distribuição de cestas compostas majoritariamente por produtos da agricultura familiar.
Assim, com apoio da ActionAid, cerca de 8 mil famílias, especialmente das regiões Nordeste e Sudeste do país, estão conseguindo manter renda e alimentação segura, enquanto aguardam a volta às suas atividades com segurança. Até junho, mais de 10 mil cestas já haviam sido distribuídas.
No sertão da Bahia, por exemplo, o Movimento de Organização Comunitária (MOC), que assessora agricultores familiares, já atendeu mais de mil famílias com distribuição de cestas com alimentos agroecológicos, kits de higiene e máscaras de proteção à Covid-19, confeccionadas por mulheres de cooperativas da região.
Gisleide Carneiro, coordenadora do Programa de Economia Solidária do MOC, conta que, logo após o fechamento do comércio e das feiras agroecológicas, o escoamento da produção virou uma grande questão.
Quando estávamos montando o projeto de distribuição das cestas, notamos que muitos dos produtos poderiam ser comprados da agricultura familiar e agroecológica. Então foram doados nas cestas, por exemplo, mais de 1600 pacotes de fubá, 3,3 toneladas de feijão, 1,6 tonelada de farinha, além de outros itens, como quase 5 mil máscaras. Assim, atendemos famílias que vivem em extrema vulnerabilidade social e movimentamos a economia solidária na região. O fubá, inclusive, foi todo comprado no município em que as famílias têm crianças apadrinhadas pelos doadores da ActionAid.
Ela também ressalta que alimentos não oriundos da agricultura familiar foram adquiridos em pequenos armazéns em vez de grandes redes de mercado, para fortalecer o comércio local:
Sabe o que é bacana? Todas as mercearias doaram duas cestas básicas a mais, e as cooperativas também fizeram doações. A pandemia irá embora, mas a solidariedade ficará plantada.
Keydma Kamila Araujo, mãe de uma menina apadrinhada pela ActionAid, foi uma das contempladas com a cesta:
Eu não estou trabalhando por conta da pandemia, então essa iniciativa vai me ajudar muito. A cesta e o kit fazem diferença nesse momento.
Já no Sudeste, o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA), que também conta com nosso apoio, se aliou à Cooperativa Grande Sertão e a outras organizações parceiras para fortalecer uma rede de suporte a pequenos produtores, cooperativas e empreendimentos da economia popular solidária e para levar comida sem veneno para as mesas das famílias em situação de vulnerabilidade social e de insegurança nutricional. Ao todo, cerca de 144 toneladas de alimentos saudáveis, produzidos sem o uso de insumos químicos e respeitando a natureza, chegaram a cerca de duas mil famílias de 20 municípios da região.
Na região da Zona da Mata mineira, o Centro de Tecnologias Alternativas (CTA-ZM) distribuiu mais de 22 toneladas de alimentos – entre eles, arroz, feijão, fubá, banana, laranja, limão, mexerica, inhame, abóbora, abacate, açúcar mascavo e produtos de padaria e cozinha comunitária lideradas por mulheres – contemplando 500 famílias em situação de vulnerabilidade social em Viçosa.
Além disso, apoiou uma ação em Acaiaca na qual conseguiu atender todas as famílias que têm crianças matriculadas na rede municipal de ensino. No total, mais de 1.300 cestas agroecológicas foram distribuídas, gerando renda para as famílias agricultoras e valorizando especialmente o trabalho das mulheres, como a agricultora Marlene Nicolau, que gerou renda fornecendo principalmente fubá e produtos da padaria e cozinha comunitária para as cestas:
Depois que essa pandemia e o isolamento começaram, a gente não conseguiu mais vender para as escolas. Então, esse apoio foi bom para a gente conseguir escoar os produtos que já tínhamos e também para ajudar na renda da família. A gente não queria que estivesse acontecendo essa doença, mas está. O povo precisa comer e graças a Deus a gente está conseguindo se manter. Se não fosse esse apoio também da ActionAid, a nossa perda seria de pelo menos o equivalente a uns 50% da nossa renda.
Também agricultora de Acaiaca, Efigênia Tereza de Marco complementa:
Com as escolas e feiras todas fechadas, tudo ficou muito mais difícil. Como a gente iria vender produto com tudo parado? E aí, de repente, recebemos a notícia desse apoio e ficamos muito felizes. Nós, produtores, precisamos ter uma visão especial dessa ação. Porque não é simplesmente vender e gerar renda, é uma ação que envolve muitos valores. É muito bom ter a consciência que esse produto saudável vai chegar para famílias que precisam muito e que é um produto de qualidade, que a gente produz com carinho.
Além das organizações citadas, outras organizações parceiras da ActionAid, como AS-PTA (Paraíba), Caatinga (Pernambuco) e Sasop (Bahia), também já realizaram distribuições de cestas com alimentos da agricultura familiar.
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