Encontro das Mulheres do Cerrado promove troca de experiências pela conservação do bioma
“Companheira me ajuda / Que eu não posso andar só / Eu sozinha ando bem / Mas com você ando melhor” foi o canto entoado pelas cerca de cem mulheres de diferentes estados, que participaram do primeiro Encontro Nacional das Mulheres do Cerrado, realizado entre os dias 14 e 16 de junho, em Luziânia, no estado de Goiás.
O evento, que foi construído de forma participativa e contou com debates, rituais e música, reuniu de quilombolas e quebradeiras de coco babaçu até indígenas, camponesas e geraizeiras, representantes da diversidade de povos e comunidades que existem no Cerrado.
O encontro foi uma grande oportunidade de proporcionar ricas trocas de experiências entre as mulheres. Elas debateram desde a existência de cooperativas de beneficiamento de produtos do Cerrado para geração de renda, até o diálogo sobre a construção de bancos de sementes crioulas geridos pelas mulheres como forma de conservação do patrimônio da sociobiodiversidade.
Promovido pela Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, com apoio da ActionAid, o evento teve como principal objetivo fortalecer a organização das mulheres do Cerrado, a partir da troca de saberes. Assessora do programa de Direito das Mulheres da ActionAid, Jéssica Barbosa participou da organização do evento e destacou a importância desse encontro dentro da campanha:
Para a ActionAid, discutir como os impactos da devastação do Cerrado tem consequências diferenciadas na vida das mulheres, bem como evidenciar o importante papel que elas têm na conservação desse Bioma, com seus saberes e práticas ancestrais de manejo e convivência com as áreas, é de suma importância.
Juntas, elas elaboraram uma Carta, destacando o papel das mulheres como guardiãs do Cerrado e protagonistas da resiliência dos povos e do bioma e das suas práticas agroecológicas.
Sobre a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado
O Cerrado ocupa um quarto do território nacional e está localizado no coração do Brasil, abrangendo 13 estados. O bioma é considerado o berço das águas, já que é lá onde estão localizados os três grandes aquíferos que abastecem boa parte do país: Guarani, Urucuia e Bambuí.
Apesar de sua importância para o equilíbrio ambiental, a legislação brasileira não garante plena proteção ao Cerrado. O bioma tem sido destruído nas últimas décadas para a expansão do agronegócio e grandes empreendimentos, o que levou ao desmatamento de mais de 50% da sua vegetação. Esse desmatamento impacta diretamente o abastecimento de água em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.
Com o objetivo de alertar a sociedade para esse e outros impactos, mais de 50 organizações e movimentos sociais se uniram para lançar a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado. A campanha busca valorizar a biodiversidade e as culturas dos povos e comunidades do Cerrado, que lutam pela sua preservação. O tema “Sem Cerrado, sem água, sem vida” reforça o papel central do Cerrado no abastecimento de água do país.
Saiba mais sobre a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado.
* Com informações da Rede Cerrado. Fotos: Ludmila Almeida