O Cerrado em Toda Parte: seminário no Museu do Amanhã discute futuro do bioma
O Cerrado é a savana mais rica em biodiversidade do mundo. Considerado o “berço das águas”, dada sua riqueza hidrográfica, é nele que nascem três grandes aquíferos do país, e preservá-lo é fundamental para garantir o acesso à água para toda a população. Mas muito além do curso de seus rios, o bioma abriga uma enorme quantidade de espécies de flora e fauna, e uma diversidade cultural vinda de populações tradicionais que, por viverem há gerações em harmonia com o ambiente, são considerados seus guardiões.
Todo este patrimônio, no entanto, está sob ameaça, sendo os crescentes índices de desmatamento e dados de conflitos rurais em territórios de Cerrado os principais termômetros de um processo silencioso de destruição. Só entre 2016 e 2017, o Cerrado perdeu o equivalente a mais de 1 milhão de campos de futebol, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Uma ameaça aos seus povos, sua cultura e sabedoria ancestral.
Por isso, durante todo o dia 09 de outubro, o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, vai se tornar uma extensão do Cerrado. O evento “O Cerrado em toda parte”, realizado pela ActionAid em parceria com a Rede Cerrado e o Museu do Amanhã, busca sensibilizar a população carioca para a importância do bioma e sua relação com os grandes centros urbanos de todo o Brasil. Palestras, debates, atividades para crianças e jovens e exibição de filmes compõem a extensa agenda, das 10h às 17h. As inscrições são gratuitas e estão abertas no site do Museu.
“Onde tem território tradicional, tem Cerrado em pé, tem flora e fauna conservados, e tem rios fluindo. Garantir a permanência dessas populações em seus territórios é a forma mais efetiva para barrar o avanço do desmatamento e a manutenção da vegetação e da água”, diz Avanildo Duque, gestor de Programas e Políticas da ActionAid.
O evento ‘O Cerrado em toda parte’ é um convite para que o Rio de Janeiro conheça um pouco mais dessa história e se engaje na proteção desse bioma rico e vibrante.
A programação está dividida em três partes. Pela manhã, um seminário mediado pela jornalista Flávia Oliveira dará cara e voz ao Cerrado, numa mesa formada por representantes de populações tradicionais do bioma. Uma quilombola, do estado do Tocantins, uma quebradeira de coco babaçu, do Piauí, e um geraizeiro, de Minas Gerais, se encontrarão para trocar experiências, falar de seus modos de vida em equilíbrio com o meio ambiente, e apontar os principais riscos que enfrentam hoje em seus territórios. Participará desta conversa também Maria Emília Pacheco, da Fase e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, para abordar a importância desses povos para o acesso à alimentação e água no Brasil.
Na parte da tarde, serão exibidos cinco documentários de longa, média e curta metragem e cuja principal temática é o Cerrado. As exibições serão seguidas de debate com os diretores. Durante todo o dia, atividades pedagógicas acontecerão para as crianças, incluindo oficinas de pinturas com pigmentos e demonstrações sobre o funcionamento do aquífero Guarani, ministradas por especialistas do Museu de Mineralogia Aitiara (MuMA).
O evento também conta com apoio do Critical Ecosystem Partnership Fund, da DGM Brasil e da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental. Veja a programação completa e faça sua inscrição no site do Museu do Amanhã.