Nepal: um exemplo de resiliência 3 anos após o terremoto
No dia 25 de abril de 2015, um terremoto devastador atingiu o Nepal, matando 9 mil pessoas e deixando centenas de milhares de sobreviventes desabrigados. Três anos depois, as comunidades devastadas pelos terremotos estão mais fortes do que antes. Isso só foi possível por conta da incrível generosidade dos nossos apoiadores, da dedicação da nossa equipe local e do esforço incansável das próprias comunidades.
Nós já trabalhávamos há mais de 30 anos no país e, por isso, conseguimos acionar a nossa rede de parcerias locais para levar ajuda para mais de 150 mil pessoas através da resposta de emergência e do programa de reconstrução e reabilitação de longo prazo. Assim, fornecemos comida, abrigo, apoio educacional e apoio psicossocial às mulheres e crianças. Hoje, continuamos a apoiar comunidades, especialmente mulheres e grupos vulneráveis, a reconstruírem suas vidas através de trabalhos de reconstrução e grupos de apoio.
Colocando as mulheres no centro da resposta
Os desastres afetam as mulheres de forma desproporcional. Em muitas emergências, no entanto, as mulheres não são incluídas nas decisões que as afetam, fazendo com que sofram ainda mais violações de direitos. É por isso que usamos essas situações como uma oportunidade para promover a liderança das mulheres e desafiar a dinâmica de poder tradicional.
No Nepal, treinamos 350 mulheres para desenvolvimento de liderança. Encorajamos as mulheres das comunidades afetadas a assumirem a frente da resposta, avaliando as necessidades, planejando e liderando as distribuições e formando comitês de reconstrução e lobby pelos direitos à terra. Como consequência, mais de 15 mil pessoas foram apoiadas a reconstruir seus meios de subsistência através de 64 coletivos de mulheres. Cerca de 100 mil pessoas foram apoiadas em atividades de reconstrução, incluindo a reconstrução de casas, escolas e edifícios públicos.
Junto com os comitês, construímos 30 Centros Amigáveis para Mulheres e apoiamos a formação de 33 Fóruns de Direitos da Mulheres e 110 grupos de adolescentes. Ainda hoje os centros para mulheres continuam a oferecer a elas a oportunidade de se reunir e discutir questões, receber treinamento e apoio psicossocial, acessar informações sobre seus direitos e acessar serviços.
Malati Maskey, coordenadora de Conhecimento, Políticas e Governança da ActionAid no Nepal comenta a resposta da ActionAid liderada por mulheres:
Um dos maiores desafios no Nepal tem sido a mentalidade de quem toma as decisões. Alguns veem as mulheres como cidadãos de segunda classe e as consideram um grupo vulnerável. Três anos depois, tendo visto mulheres locais liderando a resposta humanitária, vendo a maneira como elas funcionaram na resposta para a reconstrução e toda a contribuição que deram – a maneira como usam sua energia – está claro que as mulheres não são vítimas, nem um grupo vulnerável. São as estruturas sociais e a mentalidade das pessoas que as tornam vulneráveis. É isso que o trabalho da ActionAid sobre liderança de mulheres alcançou no Nepal nesses três anos. Acho que essa é uma das maiores transformações que fizemos e evidenciamos.
A ActionAid no Nepal liderou o programa de resposta de emergência e de promoção da Liderança Feminina para apoiar a reconstrução em nível comunitário, colocando a voz das mulheres no centro do nosso trabalho e incluindo todos os grupos vulneráveis e marginalizados – como os Dalits, sem-terra, idosos e portadores de deficiências, nas decisões sobre suas vidas. Sabemos que o envolvimento da comunidade é fundamental para a construção de um futuro melhor para a população do Nepal. Não se trata apenas de reconstruir casas – mas de reconstruir vidas.