ActionAid: Reconhecimento a povos afrodescendentes na COP30 marca progresso simbólico, mas não supre lacunas da negociação
A ActionAid Brasil reconhece como um avanço simbólico e histórico a inclusão da referência ao termo “afrodescendentes” nos textos finais da COP30. A organização, no entanto, destaca que esse reconhecimento ocorre em um contexto de negociações marcado por frustração e pela falta de decisões robustas em áreas essenciais para povos e comunidades historicamente vulnerabilizados na agenda climática, como financiamento público e adaptação. Mesmo com a criação do novo mecanismo global de transição justa, considerado um legado importante da conferência, avanços decisivos continuam travados pela ausência de recursos e de compromissos firmes.
A inclusão do termo ganhou força após a proposta brasileira na Cúpula dos Líderes, apoiada pela Colômbia, que já havia impulsionado avanço semelhante na COP16 da Biodiversidade. Para a ActionAid, esse reconhecimento resulta da mobilização de movimentos sociais e lideranças que há décadas denunciam os impactos desproporcionais da crise climática sobre povos afrodescendentes e reivindicam que seus saberes e direitos orientem as políticas globais.
Ana Paula Brandão, diretora Programática da ActionAid Brasil, afirma:
A inclusão do termo ‘afrodescendentes’ nos textos da COP30 era um dever, uma obrigação dos países do Norte Global. Os afrodescendentes foram drasticamente e irreparavelmente impactados pelo processo de colonização no qual está ancorada toda a riqueza do Norte Global.
Maryellen Crisóstomo, especialista em Justiça Econômica da ActionAid Brasil e mulher quilombola do território Baião (TO), acrescenta:
Quando falamos de metas de adaptação e desafios climáticos, nós, povos e comunidades afrodescendentes, estamos sempre na linha de maiores danos e impactos, pelas condições históricas dos nossos territórios. Ver essa inclusão avançar na COP30 é o reconhecimento de uma luta longa. Porém, só terá o sentido necessário quando resultar em políticas concretas, financiamento e participação real.
Junior Aleixo, coordenador de Políticas e Programas da ActionAid Brasil, conclui:
Sem uma saída bem planejada dos combustíveis fósseis, sem a proteção efetiva dos ecossistemas e sem políticas que assegurem direitos, essa inclusão corre o risco de ficar apenas no papel. Temos o reconhecimento e isso precisa ser celebrado. Agora nos cabe seguir cobrando por medidas que reduzam desigualdades históricas. Caso contrário, as mesmas populações que sempre estiveram na linha de frente continuarão sendo as mais afetadas pelo racismo ambiental, com eventos extremos, insegurança alimentar e tantos outros impactos que já marcam o seu dia a dia.
Sobre a ActionAid
A ActionAid é uma organização internacional que atua na promoção da justiça social, racial, de gênero e climática e pelo fim da pobreza em mais de 70 países, por meio de parcerias com outras organizações e movimentos sociais. No Brasil, a organização completa 25 anos de atuação, já tendo trabalhado em mais de 2.400 comunidades e beneficiado mais de 300 mil pessoas.
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