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Povos tradicionais: direito à terra é direito à vida

Data: 13/09/2016 Por: ActionAid

A região do norte de Minas Gerais é muito diversa. Cerrado, caatinga, matas secas e vazantes compõe a região povoada há séculos por indígenas, quilombolas, catingueiros, geraizeiras, vazanteiras, veredeiras e apanhadoras de flores. No entanto, a chegada de novos investimentos, como o monocultivo de eucalipto, mineração, pastagem e barragens, tem impactado na vida desses povos, muitas vezes os removendo de suas terras.

Isso acontece porque a diversidade cultural, social, produtiva e econômica destas comunidades é desconsiderada e estes territórios são tidos como não habitados para a chegada dos novos projetos.  O nosso parceiro local Centro de Agricultura Alternativa (CAA) ajudou a criar a Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais para representar os direitos destes sete povos tradicionais. O objetivo é impedir que estes grandes projetos devastem as paisagens nativas, agravando ou impossibilitando a existência e sobrevivência destas comunidades em seus territórios.

Hilário Correia Franco tem 54 anos e mora com a esposa Maria e um dos filhos em uma aldeia na terra indígena Xakriabá, no norte de Minas Gerais. Foi a filha de Hilário, Célia, que o apresentou à Articulação Rosalino:

O que mais me emociona é essa cumplicidade, esse entrosamento entre os povos, pois quando nos juntamos são várias ideias e pensamentos, cada um contando sua trajetória de luta, sua experiência. Antes de criarmos a Articulação Rosalino existia um distanciamento e uma desconfiança entre nós. Hoje isso acabou.

Hilário trabalha na secretaria de cultura e vive da agricultura. No quintal de casa ele e sua esposa plantam açafrão, coentro, alface, cebola, couve e criam animais para consumo próprio. Um dos maiores desafios que eles enfrentam hoje é a seca causada pela falta de chuvas, mas a situação já foi mais grave:

Comecei a trabalhar com 6 anos na enxada. Naquela época não tinha quase nenhuma escola. Eu mesmo só comecei a estudar com 13 anos e aprendi muito pouco, pois a educação era precária. Muitas coisas mudaram de lá pra cá, mas o que mais mudou foi o acesso à educação. Hoje, alguns dos meus filhos já até se formaram no ensino superior.

A Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais é apenas uma das frentes de trabalho do CAA na região. Nosso parceiro também apoia projetos de agroecologia, capacitação e geração de renda, recuperação e aproveitamento de recursos naturais, preservação do conhecimento tradicional, direito à terra e à educação. Acreditamos que essas frentes são fundamentais para que as pessoas consigam superar a pobreza e mudar suas vidas.

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