COP30: ActionAid pressiona governos por transição justa e foco nas pessoas
A ActionAid, que apoia comunidades afetadas pela crise climática, participará da COP30 ao lado de organizações parceiras para defender que os governos adotem ações climáticas centradas nas pessoas e orientadas por uma transição justa. A organização alerta que o modelo atual de financiamento ignora sistematicamente as comunidades do Sul Global. Pesquisa recém-lançada da ActionAid, por exemplo, mostra que menos de 3% dos recursos destinados ao clima apoiam iniciativas de transição justa que priorizam trabalhadores, mulheres e comunidades na linha de frente da crise.*
“Há iniciativas climáticas em curso, mas as necessidades das pessoas que estão no centro dessas ações têm sido ignoradas, e as comunidades continuam sendo excluídas das decisões que impactam diretamente suas vidas”, afirma Teresa Anderson, líder global em Justiça Climática da ActionAid Internacional, que já está em Belém. Ela reforça:
“Nenhum de nós pode ignorar o fato de que a crise climática se agrava a cada ano. O que precisamos ver dos governos é um compromisso de abandonar os combustíveis fósseis e a agricultura industrial e avançar para as energias renováveis e a agroecologia, mas não à custa da vida e dos modos de vida das pessoas. Reduzir emissões não pode significar pular etapas”.
Diretora Programática da ActionAid no Brasil, Ana Paula Brandão reforça:
“Observamos desafios e violações nessa corrida contra a crise climática. Por isso, temos um papel importante: pressionar não apenas o governo brasileiro, mas também líderes mundiais a buscarem soluções que respeitem a população, inclusive povos e comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais. Uma transição justa precisa ser boa para todas as pessoas. É muito mais do que manter a floresta em pé: é respeitar quem mantém a floresta em pé.”
A ActionAid pede que as negociações da COP30, em Belém, cheguem a um acordo para coordenar uma transição justa em nível global. A proposta é criar um “Mecanismo de Ação de Belém”, que estabeleça uma abordagem internacional de coordenação, troca de aprendizados e apoio à implementação de uma transição justa. Esse mecanismo é essencial para que as populações locais possam moldar os planos que podem afetá-las e obter apoio, novas oportunidades de emprego ou
treinamento de que precisam para garantir que as ações climáticas as beneficiem, em vez de empurrá-las involuntariamente para a pobreza. A organização exige ainda que os países ricos poluidores destinem trilhões de dólares em financiamento climático baseado em subsídios a cada ano ao Sul Global.
Teresa Anderson pontua: “A COP29, em Baku, falhou em garantir o financiamento climático necessário. Mais um ano se passou e a situação é desesperadora. Quanto mais financiamento é oferecido como empréstimo, mais os países vulneráveis são empurrados para o endividamento.”
Agenda da ActionAid durante a COP30
Além de acompanhar as negociações oficiais, a ActionAid realizará uma série de atividades abertas ao público em Belém. Entre os destaques, está o lançamento do livro “Pequenos Grandes Saberes”, um glossário ambiental criado com 350 crianças e adolescentes de seis estados, que definem, com suas próprias palavras, temas ligados ao clima e ao racismo ambiental. A organização também participa do Tribunal por uma Transição Justa, na Cúpula dos Povos, e de ações de mobilização dentro da Zona Azul da COP. A programação completa está disponível aqui.
*O novo relatório da ActionAid, Climate Finance for Just Transition: How the finance flows foi divulgado às vésperas da COP30 e analisa o financiamento climático multilateral que apoia abordagens de transição justa.
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