Bancos de sementes protegem a biodiversidade do norte de Minas com apoio da ActionAid
O amor e cuidado pela terra acompanham Geraldo há gerações. Ele tinha apenas 7 anos quando começou a aprender tudo o que sabe sobre plantio sustentável com seus pais e avós e hoje, com 59 anos, vive com a mãe Rita, de 77, na Comunidade do Touro, no interior de Minas Gerais. A região já passou por períodos delicados de devastação graças ao avanço da monocultura de algodão, mas pessoas como Geraldo se dedicam a proteger as plantas nativas da área para que não desapareçam por completo.
Esse é o papel dos guardiões dos bancos de sementes, pessoas que se dedicam a cuidar de espaços onde sementes nativas, que não foram geneticamente modificadas ou afetadas por agrotóxicos são preservadas, para que o cultivo dessas espécies possa seguir acontecendo por muitos anos, fortalecendo a diversidade alimentar da região. Geraldo conta:
“Eu aprendi esse sistema com meu pai e meu avô, que sempre guardavam sementes pra plantar no ano seguinte porque talvez eles não teriam dinheiro pra comprar ou aquela espécie não existiria mais. Naquela época, não existia o banco de sementes, só um armazém onde eles guardavam tudo, não era como hoje. Hoje nós conseguimos vender, doar ou trocar as sementes com outros agricultores”.
Em 2003, Geraldo conheceu o trabalho do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM), parceiro da ActionAid na região. De lá para cá, além de guardião do banco de sementes, ele também se tornou um dos conselheiros do CAA-NM e atua ativamente para que o banco seja mais do que um espaço para guardar as sementes, mas também um polo gerador de conhecimento e disseminador de boas práticas.
“Acho importante lugares como o banco de sementes para mostrar para as pessoas a importância disso. Hoje nosso espaço promove palestras, recebe visitas de gente do Brasil e do mundo, além de políticos, estudantes e pesquisadores, vários segmentos da sociedade”.
“A parceria com a ActionAid teve um impacto positivo no fortalecimento do nosso trabalho e na divulgação para outras pessoas, além de ajudar a trazer novos conhecimentos sobre produção agrícola e a preservação dos recursos naturais. Já fui pra Europa falar sobre nosso projeto, estive num congresso internacional apresentando o que fazemos, falando sobre a preservação de sementes crioulas no norte de Minas. Fui na Rio +20 e participei de muitos cursos e encontros. O CAA-NM para mim é também um lugar de formação”.
A transmissão desse conhecimento para as próximas gerações de agricultoras e agricultores, assim como a preservação das sementes nativas, é essencial para revertermos a crise climática e garantirmos a proteção da biodiversidade. A ActionAid trabalha com o CAA-NM e diversas outras organizações locais para que esse caminho seja cada vez mais viável.
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