ActionAid pauta racismo ambiental e gênero em eventos na Rio Climate Action Week

Em mais uma etapa a caminho da COP30, realizada este ano no Brasil, a ActionAid participou da Rio Climate Action Week, entre os dias 23 e 29 de agosto no Rio de Janeiro, organizando e apoiando eventos e mesas de debate nas discussões de racismo ambiental, transição justa e educação para a crise climática.
O evento “Quem deve a quem? Diálogos para uma Transição Justa” abriu a programação, organizado pelo Grupo de Trabalho Clima e Meio Ambiente da Rede Brasileira pela Integração dos Povos - REBRIP, em parceria com a ActionAid, pela Central Única dos Trabalhadores - CUT e pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc.
Maryellen Crisóstomo, Consultora em Justiça Econômica e Direito das Mulheres da ActionAid, participou da mesa “Reparação histórica e proteção social para uma transição justa”, discutindo um modelo de transição verdadeiramente justa, que enfrente desigualdades estruturais e respeite os saberes e direitos dos povos e comunidades historicamente marginalizados, promovendo justiça climática.
“Uma transição justa, que possa atender nós comunidades e povos tradicionais, deve considerar as desigualdades e o racismo estruturante que sempre segregaram e marginalizaram povos e populações não-brancas, tanto no Brasil quanto no Sul Global. Pra ser justa ela precisa considerar todas essas diferenças para fazer essa reparação de forma que todas as pessoas possam chegar no momento de adaptação partindo do mesmo ponto”.
Para ela, o racismo ambiental precisa ser contemplado por essa discussão, englobando reparações históricas para povos e populações marginalizadas pelas estruturas desenvolvimentistas ancoradas na segregação racial, econômica e social. E é essencial que representantes da sociedade civil se unam nesse debate.
“Quando a gente proporciona diálogos entre organizações, é uma oportunidade de a gente confluir e perceber quais são os pontos necessários e estratégicos para que aconteça a transição justa”.

Educação não-formal na defesa do clima
No segundo dia, a roda de conversa “Educação para a Crise Climática: Saberes e diálogos que conectam gerações e territórios", realizada pela Coalizão Brasileira pela Educação Climática (CBEC), da qual a ActionAid faz parte, trouxe o debate da importância da educação não-formal e da simplificação da comunicação na conscientização das pessoas sobre as mudanças climáticas e na construção de uma geração de cidadãos informados e críticos.
A Especialista de Vínculos Solidários da ActionAid, Carolina Silva, compartilhou a experiência da organização na educação não-formal de crianças e adolescentes nas atividades do programa de Apadrinhamento.
“É extremamente importante o acesso à educação das maneiras tradicionais, só que a educação não-formal está presente em diversos espaços e tem acesso a ela um número muito maior de crianças e adolescentes. Ela tem o papel de fortalecer o território, fortalecer os conhecimentos tradicionais, fortalecer comunidades quilombolas e todos os conhecimentos que essas comunidades possuem”.

Mulheres unidas na defesa dos territórios
Por fim, a ActionAid promoveu a roda de conversa “Clima, corpo e território: mulheres e saberes no enfrentamento às mudanças climáticas”, com representantes das organizações Redes de Maré, CTA, ACQUILERJ, Favela Orgânica e Fundo Agbara.
A conversa trouxe à tona a importância de considerar reflexões ancestrais e comunitárias como soluções para o enfrentamento às mudanças climáticas a partir das práticas, saberes e estratégias forjadas por mulheres quilombolas, de comunidades tradicionais e periféricas, abrangendo também práticas agroecológicas, economia do cuidado, redes de solidariedade, articulações de defesa territorial e tecnologias sociais de enfrentamento ao racismo, à escassez, à violência ambiental e às desigualdades estruturais.
Além de pavimentar o caminho até a COP30, no fim do ano, as conversas também se somaram à mobilização maior realizada pela ActionAid no momento – a campanha Fund Our Future – que destaca a vulnerabilidade de comunidades tradicionais, principalmente as lideradas por mulheres, diante do avanço de práticas predatórias do agronegócio.
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