ActionAid lamenta assassinato da líder quilombola Mãe Bernadete e cobra por justiça
Imagem: Conaq/Divulgação
A ActionAid, organização não-governamental comprometida com a luta por justiça social, manifesta profundo pesar e indignação diante do ardiloso assassinato da liderança religiosa e quilombola Mãe Bernadete Pacífico, representante de nossa parceira Conaq, ocorrido na noite desta quinta-feira (17/08) no próprio terreiro da ialorixá, na Bahia. Este novo ato de violência atroz contra uma líder, em território considerado sagrado, não apenas silencia mais uma mulher defensora de direitos em nosso país, como também representa um ataque direto aos esforços contínuos para promover a equidade étnico-racial e de gênero, a superação do racismo e a dignidade dos povos e comunidades tradicionais brasileiros. Mãe Bernadete era mãe de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos (Binho do Quilombo), liderança quilombola da comunidade Pitanga dos Palmares, também assassinado há 6 anos. O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideranças quilombolas, continua sem resposta e sem justiça.
“Recebemos com profunda tristeza e indignação a informação do assassinato da liderança religiosa e quilombola Mãe Bernadete Pacífico. Exigimos ações imediatas e proteção à sua família e comunidade”, afirma Ana Paula Brandão, diretora Programática da ActionAid e gestora do Projeto SETA, o qual a Conaq integra.
“Por dolorida ironia do destino, sua morte acontece na mesma semana em que 100 mil mulheres marcharam em Brasília em homenagem à trabalhadora nordestina e líder sindical Margarida Alves, assassinada em 1983, esperançosas por avanços. Infelizmente, tivemos mais um lembrete trágico das diárias ameaças e violências que mulheres na linha de frente na defesa de sua ancestralidade e de melhores condições de vida enfrentam nesse país”.
Nesse contexto, a ActionAid repudia veementemente o ocorrido e demanda das autoridades brasileiras uma investigação rigorosa e transparente sobre o assassinato de Mãe Bernadete. Esperamos que nossos apoiadores, parceiros, instituições e toda a sociedade transforme a indignação sentida nesse momento em ação, em prol de um basta em todas as formas de violência e opressão aos povos e comunidades tradicionais. Seguiremos atuantes em nossas atividades e projetos para transformar essa realidade. É imperativo que a sociedade brasileira se una para enfrentar esses desafios com determinação e seriedade. A luta por um país onde todas as mulheres possam viver com dignidade, livres de medo e violência continua, e a memória de Mãe Bernadete nos impulsiona a persistir em nossa missão de construir um futuro mais justo e igualitário para todas.
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