ActionAid faz alerta sobre ação climática na Conferência do Clima em Bonn
A ActionAid está em Bonn, na Alemanha, para as negociações climáticas da 62ª Sessão dos Órgãos Subsidiários da UNFCCC, que acontecem de 16 a 26 de junho. Esta é uma sessão técnica fundamental para avançar nos textos que os líderes mundiais deverão aprovar na COP30, em Belém do Pará, em novembro deste ano. A delegação da ActionAid conta com especialistas tanto na política climática da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) quanto no contexto brasileiro, país-sede da COP30.
No início das sessões de Bonn, Teresa Anderson, líder global de Justiça Climática da ActionAid Internacional, declarou:
"A ação climática está em uma encruzilhada. A cada mês deste ano, um novo recorde de temperatura tem sido brutalmente quebrado, mas o apetite político por ação climática parece mais fraco do que nunca."
"Em muitas partes do mundo, trabalhadores, agricultores e comunidades que têm boas razões para se preocupar com a crise climática estão ainda mais preocupados com a possibilidade de que uma lógica restrita de contabilidade de carbono prejudique seus meios de subsistência, sua segurança alimentar ou seu acesso à terra. Neste momento de incerteza política e econômica, a COP30 precisa avançar em princípios e estruturas que orientem Transições Justas, para atender às preocupações das pessoas, superar resistências e destravar a ação climática urgente. A ação climática moldada por meio de Transições Justas tem o potencial de responder às reais necessidades das pessoas: segurança no trabalho, comida acessível e acesso à energia."
As principais reivindicações da ActionAid para as negociações climáticas da SB62 são:
- Transição Justa: A ação climática precisa atender — e não ameaçar — as necessidades das pessoas por segurança no trabalho, comida acessível e energia. A COP30, em Belém, deve apresentar um mecanismo global claro e baseado em princípios para viabilizar abordagens de Transição Justa, especialmente nos setores de agricultura e extrativismo, de forma a combater as desigualdades e proteger a população.
- Agricultura: A agricultura industrial é a segunda maior causa das mudanças climáticas, atrás apenas dos combustíveis fósseis — e, ao mesmo tempo, é o setor mais vulnerável aos seus impactos. Um quarto da população mundial depende da agricultura para viver. É urgente uma transição para práticas resilientes, de baixa emissão e que gerem empregos, como a agroecologia. A agricultura precisa estar incluída no escopo do Programa de Trabalho sobre Transição Justa da COP30, para garantir os meios de vida e a segurança alimentar de bilhões de pessoas.
- Fluxos de financiamento (Roteiro Baku-Belém & Artigo 2.1c): A dívida é um dos principais motores da crise climática. O atual sistema global de endividamento é injusto e leva países do Sul Global a cortarem investimentos em ação climática e a expandirem exportações de setores altamente poluentes, como combustíveis fósseis e agricultura industrial — inclusive com base em empréstimos rotulados como “financiamento climático”. Após o decepcionante resultado do NCQG na COP29, as negociações sobre o Artigo 2.1c e o Roteiro de Baku a Belém não devem continuar promovendo o "cavalo de Troia" do financiamento privado, usado pelos países ricos para avançar agendas extrativistas no Sul Global. Com as negociações da FFD (Financiamento para o Desenvolvimento) acontecendo em Sevilha na semana seguinte a Bonn, a crise climática evidencia os danos causados pelo atual sistema de dívidas controlado pelo Norte Global, e a urgência de um novo tratado justo da ONU sobre endividamento soberano.
- Gênero: O novo Plano de Ação de Gênero (GAP) precisa ser fortalecido para proteger os direitos das mulheres e sua liderança na ação climática, tanto no nível nacional quanto internacional — enfrentando barreiras estruturais e garantindo fluxos de financiamento sensíveis ao gênero.
- Adaptação: Com o aumento da temperatura global dificultando a vida cotidiana de bilhões de pessoas, é urgente concluir a Meta Global de Adaptação (GGA), para que o mundo possa avaliar e fortalecer seus esforços nessa área. O volume de financiamento climático baseado em doações para países vulneráveis será um dos principais indicadores do progresso do GGA e, por isso, precisa estar incluído como métrica oficial.
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