ActionAid explica: o que é racismo ambiental?
A crise climática atingiu patamares mais preocupantes nos últimos anos e, de acordo com um relatório divulgado em 2022 pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (ONU), moradores de favelas e periferias são vítimas de tragédias ambientais 15 vezes mais do que aqueles que residem em áreas seguras. Por isso é essencial lembrar sempre da importância de se falar sobre justiça climática.
Mas existe outro aspecto igualmente importante do debate: quem são essas pessoas mais afetadas pela crise, com pouco acesso à infraestrutura, água e esgoto ou em regiões constantemente alvo de grandes tragédias?
Racismo e meio ambiente
Comunidades indígenas, quilombolas, de zonas rurais e ribeirinhas costumam ser as mais comumente afetadas pelos efeitos da crise climática ou pelos impactos de avanços industriais desmedidos nas regiões em que vivem. Situações como comunidades afetadas pela poluição de um rio, famílias expostas a substâncias tóxicas, inundações, deslizamento de encostas ou falta de acesso a recursos naturais infelizmente acontecem todos os dias.
Existe um nome para quando grupos de pessoas que compartilham uma mesma identidade racial ou étnica são desproporcionalmente afetadas: racismo ambiental. Essa forma de discriminação combina questões de raça e meio ambiente, evidenciando as desigualdades enraizadas nas estruturas políticas, sociais, econômicas e institucionais da nossa sociedade.
Esse aspecto do racismo vai além dos impactos concretos, mas se dá também na corroboração de um pensamento que faz com que muitos considerem normal as coisas “serem como são”. E essa ideia acaba sendo reforçada pela ausência de políticas públicas que incluam as populações mais afetadas e de iniciativas de conscientização. Então, quando a notícia sobre a construção de um novo lixão na periferia, a contaminação de um rio que alimenta uma cidade inteira ou a invasão de uma aldeia indígena para mineração ou expansão de pasto acontece, a opinião pública é facilmente convencida de que se trata de um “mal necessário”.
Caminhos para a mudança
Apesar de parecer difícil, existem diversas iniciativas capitaneadas principalmente por organizações da sociedade civil para mudar essas situações. O trabalho da ActionAid no Brasil e no mundo, por exemplo, fortalece tanto a resiliência e bem-viver de populações urbanas e rurais em seus territórios quanto a conscientização e defesa de seus direitos. A campanha Mulheres da Terra, o Fundo Água e o Projeto SETA são alguns exemplos.
É importante ressaltar que o racismo ambiental não é apenas uma questão de distribuição desigual de riscos ambientais, mas também de privação de benefícios ambientais, como acesso a parques, espaços verdes, recursos naturais e políticas públicas.
Enfrentar essa realidade requer um esforço conjunto para desmantelar estruturas sistêmicas de discriminação, promover a justiça ambiental e garantir que todas as comunidades tenham acesso igualitário a um meio ambiente saudável. Isso envolve a inclusão de vozes marginalizadas na tomada de decisões, implementação de políticas ambientais justas e ações para combater a desigualdade racial em todas as esferas da sociedade. Somente assim poderemos construir um futuro mais equitativo e sustentável para todos.
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