ActionAid explica: o que é justiça climática e como isso afeta a sua vida?
Nos noticiários, não faltam exemplos de tragédias ambientais. Deslizamentos, chuvas ou secas, alagamentos e furacões, muitas vezes em lugares que ficam a quilômetros de distância de onde vivemos. Mas você já parou para pensar de que forma as mudanças climáticas afetam a sua realidade?
Todos somos afetados pelas mudanças climáticas, porém nem todos da mesma forma. Os efeitos e impactos e, consequentemente, o tratamento dado a quem sente esses impactos é completamente diferente a depender da classe, da raça ou do gênero. Segundo um relatório divulgado em 2022 pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (ONU), moradores de favelas e periferias são vítimas de tragédias ambientais 15 vezes mais do que aqueles que residem em áreas seguras, por exemplo.
Enquanto algumas parcelas da sociedade dispõem de ferramentas para enfrentar os impactos das mudanças climáticas, como acesso a saúde de qualidade, segurança alimentar, educação, moradia digna e saneamento, outros grupos precisam de apoio para superarem tragédias ambientais como as que aconteceram em Pernambuco, após um período de fortes chuvas na região. Por isso a luta por justiça climática é uma luta pela redução das desigualdades em todas as esferas do tecido social.
Mas, afinal, o que é justiça climática?
Junior Aleixo, especialista em Justiça Climática na ActionAid, explica:
“Justiça climática não se restringe as discussões sobre emissões de gases de efeito estufa, o desaparecimento de espécies ou da redução do aquecimento global. Tudo isso também está integrado, mas não se reduz apenas a esses fatores. Justiça climática abrange os impactos diferenciados e desproporcionais a depender da raça, da classe e do gênero, é uma categoria que carrega em si a discussão sobre justiça social e violação de direitos humanos fundamentais”.
Espera… Mas a conversa não era sobre clima? Meio ambiente? O que direitos humanos têm a ver com isso? Na verdade, muita coisa. Direitos fundamentais como acesso à moradia digna, saúde, saneamento básico, acesso à alimentação saudável e à água interferem e muito em como as pessoas sentem o impacto das mudanças climáticas
“Se juntarmos as duas palavras: é a garantia de justiça, de direitos, para as populações que são diretamente impactas pelas mudanças climáticas, com base em um desenvolvimento que seja verdadeiramente sustentável e inclusivo do ponto de vista econômico, político e social. Justiça social + impacto das mudanças climáticas = Justiça Climática”.
E o que podemos fazer para mudar?
Um bom começo é ouvir os grupos sociais que são mais afetados pelas mudanças climáticas e que menos contribuem para o seu agravamento. São populações comumente em situações de vulnerabilidade de renda, grupos racializados no campo e na cidade e mulheres e meninas. Além disso, esses mesmos grupos precisam também estar presentes nos espaços de tomada de decisão, na ciência e na formulação de políticas públicas para a criação de modelos inclusivos e sustentáveis.
Muitos dos projetos apoiados pela ActionAid buscam minimizar os impactos da injustiça climática e seus efeitos nas comunidades. Iniciativas como o Fundo Água, projeto aberto à contribuição da sociedade, que é voltado à implementação de tecnologias sociais de saneamento, acesso, reúso e melhoria da qualidade da água, e que só podem existir com a sua ajuda.
Já individualmente, é possível fazer um exercício simples, mas efetivo: ao ouvir as palavras “justiça climática”, questione sempre “quem são as pessoas injustiçadas? E por que são?”.
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