Ação de emergência da ActionAid ajuda família a reconstruir o que foi perdido para as chuvas
Em junho, Pernambuco foi severamente atingido por chuvas mais fortes do que havia sido registrado em muitos anos. Mais de 2 mil pessoas ficaram desabrigadas e mais de 31 mil foram desalojadas em decorrência dos alagamentos e deslizamentos. A luta, porém, não acaba junto com a chuva. Depois que as nuvens vão embora, centenas de famílias permanecem com os escombros de suas casas e com o desafio de reconstruir suas vidas em algumas das regiões mais pobres do estado.
Para ajudar nessa reconstrução, a ActionAid em parceria com organizações locais – Centro de Mulheres do Cabo, Casa da Mulher do Nordeste, ETAPAS e Giral – desenvolveu uma série de ações de emergência. Foram cerca de 2700 pessoas atendidas com mais de 700 cestas básicas, além de cartões alimentação, produtos de higiene pessoal, colchões, móveis e itens de limpeza.
Para, Karla, 30 anos, uma das pessoas atendidas pela ação, as perdas foram além dos bens materiais. No mesmo período das chuvas, ela perdeu também o pai. Foi na casa dele que ela se refugiou com a família – o marido, três filhas e duas sobrinhas – até que a água abaixasse na sua casa e ela pudesse retornar.
“Meu pai faleceu na época que entrou água na minha casa, e a gente veio tudinho para a casa dele. Minhas duas sobrinhas que crio, que considero filhas, pois sempre foram de minha responsabilidade, já moravam aqui. Quando a gente veio para cá, os gastos aumentaram porque o dinheiro que meu pai ajudava se foi, e só ficou a gente mantendo a casa, onde também moram minha cunhada, meu irmão e o menino dela, no quarto que eles estão fazendo em cima.”
Além do impacto emocional e material, Karla também precisava lidar com os riscos de saúde trazidos pelas chuvas – com a água, vem também animais peçonhentos, e ela chegou a ser picada por um escorpião – e com o peso extra de cuidar de si e dos outros membros da sua família.
“Sendo mulher a responsabilidade dobra, pois a gente se preocupa com tudo, tanto fisicamente como emocionalmente. Fica mais abalada. Eu mesma, ao ver meus filhos dentro da água, penso: ‘a gente vai ter que procurar um meio de sair daquela situação’. Mesmo se eu não conseguisse estar ajeitando minha casa, eu iria ficar aqui até me estabilizar, ter uma condição financeira para começar a ajeitar lá, porque não ia voltar pra lá do jeito que estava”.
Momento de recomeçar
Karla mantém a família com um auxílio do governo, o dinheiro que o marido consegue como motorista de aplicativo e, recentemente, com a venda de açaí para os vizinhos, mas se normalmente já é preciso apertar os cintos, depois da destruição das chuvas a situação ficou ainda pior.
“Muito triste ver e ter que aceitar a realidade. Dói muito você conquistar algo e, de repente, perder. E saber que tem pessoas que podem mudar nossa situação, mas não lutam com o povo porque não sabem o que é passar necessidade.”
Mas ela, que sempre batalhou para sustentar sua família, não esmorece agora diante de mais um desafio. A chegada do cartão alimentação fornecido pela ActionAid deu fôlego para a família, que pode agora direcionar o restante da renda para a reconstrução dos bens materiais perdidos nos alagamentos.
“Fui direto para o mercado, porque a gente não sabe, né… Comprei tudo o que tinha que comprar e estava faltando, como carne e lanche para os meninos.”.
Karla, sua família, e tantas outras que foram atendidas por essa ação só puderam contar com esse apoio graças aos doadores que possibilitam que a ActionAid continue fazendo o contínuo trabalho de combate à pobreza. Caso você ainda não doe, considere fazer parte desse movimento.
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