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ActionAid alerta sobre nível recorde da extrema pobreza e aumento da desigualdade no Brasil
ActionAid alerta sobre nível recorde da extrema pobreza e aumento da desigualdade no Brasil
Presente há 20 anos no Brasil, somos uma organização internacional que trabalha por justiça social, igualdade de gênero e pelo fim da pobreza. Por isso, vemos com preocupação o diagnóstico da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgado no dia 6 de outubro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que alerta para a taxa recorde da extrema pobreza no país desde 2012. O contingente soma 13,5 milhões de pessoas vivendo com até R$ 145 mensais – número equivalente à população de Bolívia, Bélgica, Cuba, Grécia e Portugal.
Já em relação aos níveis de pobreza, um quarto da população brasileira, ou 52,5 milhões de pessoas, ainda vivia com menos de R$ 420 per capita por mês em 2018. Apesar de ter havido queda (de 26,5% em 2017 para 25,3% em 2018), o percentual está longe do alcançado em 2014, o melhor ano da série, que registrou 22,8%.
Nós, da ActionAid, ressaltamos a necessidade do olhar atento de toda a sociedade para a tradução desses números no dia a dia de milhões de cidadãos brasileiros. Francisco Menezes, analista de Políticas e Programas da ActionAid no Brasil, destaca nossa preocupação com as consequências principalmente sobre mulheres e crianças, que estão no centro do nosso trabalho:
O crescimento da extrema pobreza e da desigualdade em 2018 não foi um acidente de percurso. Ele já ocorre desde 2016, quando se intensificaram medidas que atingem diretamente a população em maior vulnerabilidade, como o corte de investimentos sociais com a aprovação da Emenda Constitucional 95 e o aprofundamento da precarização do trabalho. Nesse contexto, mulheres e crianças são os mais afetados.
Os cálculos de pobreza e extrema pobreza foram feitos com base em parâmetros usados pelo Banco Mundial. Esse diagnóstico, que retrata o período entre 2017 e 2018, ajuda a identificar algumas das condições de vida que caracterizam a situação de vulnerabilidade social, como renda, acesso a saneamento básico, educação e moradia adequada, entre outros.
O diagnóstico publicado pelo IBGE comprova que apenas a gradual recuperação da economia não é suficiente para atender as pessoas em condição de pobreza e extrema pobreza. É preciso fortalecer políticas públicas que se mostraram eficazes, além de gerar empregos com dignidade, que garantam condições de cidadania.
Menezes chama atenção para os perfis desses brasileiros: majoritariamente, mulheres e negros. De acordo com a SIS, os pretos ou pardos representavam, em 2018, 72,7% das pessoas em situação de pobreza – 38,1 milhões de pessoas, em números absolutos. E as mulheres pretas ou pardas compõem o maior contingente, 27,2 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza.
O economista destaca ainda o aumento da desigualdade no Brasil, já que o grupo dos 10% com maiores rendimentos atingiu o maior valor de rendimento médio da série histórica: R$ 5.764, enquanto o grupo dos 40% com menores rendimentos caiu para R$ 339.
Em um país como o nosso, que já tem um dos maiores índices de desigualdade, viver um contexto em que os que estão em melhor situação aumentam seus ganhos enquanto os mais vulneráveis sofrem perdas sugere uma urgente revisão dos caminhos que estão sendo tomados.
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