Por justiça climática, ActionAid apoia a Greve Global pelo Clima
Em todo o mundo, as pessoas estão lidando com a realidade da emergência climática. Impactos climáticos como secas, inundações, ciclones, aumento do nível do mar, perdas de colheitas e perda de meios de subsistência estão causando estragos e destruindo vidas. Os desastres atingem comunidades pobres com mais força e mais frequência. Por isso, de Nairóbi a Copenhague, de Dacar a Sydney, milhares de membros, apoiadores, parceiros e redes de jovens da ActionAid se juntaram à Greve Global pelo Clima, no dia 20 de setembro.
Enquanto os líderes mundiais se dirigiam a Nova York para a 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas e a Cúpula de Ação Climática da ONU, as marchas e ações pelo planeta enviaram uma mensagem clara de que pessoas de todas as idades e origens, em todo o mundo, estão demandando justiça climática.
Anne Jellema, secretária geral da ActionAid, destaca a importância dessa ação coletiva:
Milhões estão saindo às ruas para a maior mobilização em massa de todos os tempos contra o caos climático. Este é um momento histórico para exigir a atitude necessária dos líderes mundiais para evitar a catástrofe climática e apoiar os que estão na linha de frente das emergências.
Mulheres e jovens no Sul global estão na linha de frente das mudanças climáticas e estão sendo os mais atingidos por seus impactos. As comunidades do sul da Ásia estão lutando para sobreviver a inundações e deslizamentos de terra causados por chuvas extremas de monções. Agricultores em Moçambique, Malawi e Zimbábue ainda estão lutando para reconstruir suas vidas após o ciclone Idai. Em Bangladesh, Senegal e Vietnã, vilas inteiras estão sendo forçadas a migrar à medida que são salinizadas ou desaparecem sob o aumento do nível do mar.
Urgência climática inclui o Brasil
O Brasil também está vivendo esse momento de urgência climática. O avanço das queimadas sobre a Amazônia e o Cerrado e medidas como a liberação desenfreada de agrotóxicos não afeta apenas ao Brasil, mas impacta a qualidade do ar, os ciclos da água, quantidade de CO2 liberada, a fauna e a flora e a vida de povos indígenas e comunidades tradicionais.
Emmanuel Ponte, assessor de Campanhas da ActionAid, alerta para a situação:
A urgência não é apenas em relação ao Brasil. É preciso que governos de todo o mundo assumam a responsabilidade e se comprometam com uma agenda de proteção do meio ambiente e com a busca de alternativas a combustíveis fósseis e à agricultura predatória, que resulta em consumo intenso dos recursos naturais. Essas soluções devem vir ao lado da proteção dos povos e comunidades tradicionais, que são os verdadeiros guardiões das florestas e savanas.
Entre esses guardiões estão as Quebradeiras de Coco Babaçu, que têm uma grande importância histórica, econômica, social, ambiental e cultural na chamada “região dos babaçuais”, nos estados do Pará, Piauí, Tocantins e Maranhão, abrangendo parte do território do Cerrado brasileiro. Mais de 300 mil mulheres sustentam suas famílias com a atividade de extrativismo do coco babaçu.
Para Maria Alaides Alves de Sousa, coordenadora geral do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), organização parceira da ActionAid no Brasil, todo o modo de vida e de produção dessas mulheres podem ser levados em conta ao falar de combater as mudanças climáticas.
A gente entende que, na natureza, todos nós que temos vida precisamos conviver juntos, sem ter prejuízo para nenhum dos lados. Por isso, nos relacionamos com os territórios em que vivemos protegendo suas riquezas, protegendo sua biodiversidade. A importância de nós quebradeiras lutarmos pelo meio ambiente anda junto com a luta política, social, para não deixar a pensar o econômico sem pensar no social e ambiental. É tudo isso junto.
Ações como a Greve Global pelo Clima e campanhas como a Campanha Nacional em Defesa do Cerrado são formas de alertarmos as pessoas sobre as causas e efeitos da devastação do meio ambiente, destaca Emmanuel Ponte.
Elas servem para mostrar que, embora você possa viver longe de uma região de Cerrado, ele também afeta a sua vida, a água que você consome e o ar que você respira. Que sua solidariedade pode apoiar a luta daqueles que estão sendo impactados mais diretamente. Campanhas são fundamentais para mostrar que problemas locais possuem impactos globais, e da mesma forma que atitudes em nível global também impactam comunidades locais.
Actionaid na Cúpula de Ação Climática da ONU
Precisamos de ações governamentais para que os cidadãos se adaptem e enfrentem os impactos das mudanças climáticas. Os governos devem ouvir os jovens, as mulheres agricultoras e as comunidades vulneráveis mais afetadas.
A ActionAid participou da Cúpula de Ação Climática da ONU, em Nova York, levando três demandas globais para dar vida ao Acordo de Paris, que visa limitar o aumento da temperatura global a não mais que 1,5 ° C de aquecimento:
1. Metas justas e urgentes de redução de emissões
A meta de manter a temperatura global abaixo de 1,5 ° C só pode ser alcançada com o compromisso dos países para entregarem sua parcela justa na redução das emissões.
2. Garantir que as ações climáticas protejam os direitos humanos e a natureza
À medida que os países implementam novas políticas climáticas para moldar indústrias, sistemas alimentares e florestas, elas devem trabalhar com a natureza e não contra ela. Ao mesmo tempo, os direitos das comunidades rurais, particularmente as mulheres agricultoras e os povos indígenas, devem ser protegidos.
3. Países ricos atendendo e excedendo os US$ 100 bilhões prometidos por ano
Os países ricos devem cumprir e exceder seu compromisso de fornecer US$ 100 bilhões por ano em financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com os impactos das mudanças climáticas e reduzir suas emissões de carbono.